Sri Lanka ordena polícia atirar contra quem ‘danifique’ propriedades do Estado e prender sem mandado
Primeiro-ministro do país renuncio na segunda-feira (9), quando população tomou as ruas de várias cidades para protestar contra a pior crise econômica do país. Ao menos oito morreram, entre eles um deputado. Após renúncia de premiê, manifestantes destroem ônibus e veículos oficias no Sri Lanka
Um dia após o primeiro-ministro do Sri Lanka renunciar, o governo do país ordenou nesta terça-feira (10) que policiais e militares atirem contra qualquer pessoa que “danifique” propriedades públicas ou apresentem ameaças.
O governo em exercício do país também concedeu poderes emergenciais às Forças Armadas e à polícia do país para conter manifestantes e prender pessoas sem um mandado de prisão.
Primeiro-ministro do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, que renunciou ao cargo após fortes protestos no país, em 9 de maio de 2022
Reuters
As decisões ocorrem um dia depois de o primeiro-ministro do país, Mahinda Rajapaksa, renunciar e de ao menos oito pessoas morrerem durante protestos.
Os manifestantes protestam contra a crise econômica do país, a pior desde que o Sri Lanka se tornou independente do Reino Unido, em 1948. Na segunda-feira (10), no entanto, eles desafiaram o toque de recolher também celebravam a notícia da renúncia de Rajapaksa, quando grupos pró-governo invadiram os atos entrando em choque com manifestantes.
Manifestantes atearam fogo em casa que pertencia a ministro do Sri Lanka em Arachchikattuwa, em 9 de maio de 2022
Reuters
De acordo com a polícia, ao menos oito pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridos. Após denúncias de que homens pró-governo atiraram contra pessoas que participavam dos protestos, os manifestantes destruíram veículos oficiais e invadiram uma área do palácio presidencial.
O país segue sob toque de recolher nesta terça-feira (10).
Imagem de veículo das forças de segurança de Sri Lanka após confrontos com manifestantes, em 9 de maio de 2022
Ishara s. Kodikara / AFP
O presidente do país, Gotabaya Rajapaksa, que é irmão mais novo do primeiro-ministro, assinou a medida concedendo poderes emergenciais ao Exército.
Segundo o decreto presidencial, militares podem prender e deter pessoas por até 24 horas antes de entregá-los a polícia, sem necessidade de qualquer mandado de prisão ou apreensão. O presidente também permitiu que militares e policiais façam buscas em propriedades privadas sem autorização judicial.
“Em uma situação como esta, na qual há um estado de emergência e um toque de recolher ao mesmo tempo, quem vai monitorar que não há abusos de poder?”, questionou o cientista político Bhavani Fonseka, do Centro de Políticas Alternativas de Colombo, na capital do país.g1 > MundoRead More