Ucrânia registra 15 mil casos suspeitos de crimes de guerra
A procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, afirmou em Haia que entre os suspeitos estão ‘os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia’. Mais dois soldados russos são condenados por crimes de guerra na Ucrânia
Cerca de 15.000 casos suspeitos de crimes de guerra foram registrados na Ucrânia desde o início do conflito com a Rússia, com uma média de 200 a 300 casos reportados diariamente, segundo a procuradora-geral do país.
Cerca de 600 suspeitos foram identificados e 80 já processos começaram, disse Iryna Venediktova a repórteres em Haia, na Holanda.
A lista de suspeitos inclui “os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia”, acrescentou a procuradora ucraniana.
A Rússia nega envolvimento em crimes de guerra e em mortes de civis.
Soldado russo acusado de crime de guerra chega à julgamento em Kiev, na Ucrânia, em 13 de maio de 2022
Viacheslav Ratynskyi/ Reuters
Dos 15.000 supostos crimes de guerra, Veneditkova disse que muitos foram identificados na região leste de Donbas — cenário de combates ferozes entre tropas russas e ucranianas.
Os crimes de guerra na região a serem investigados incluem a possível transferência forçada de pessoas — tanto adultos quanto crianças — para diferentes partes da Rússia, segundo Venediktova. Há também suspeitas de tortura, de morte de civis e de destruição de infraestrutura civil.
Embora as investigações relacionadas a casos na região leste tenham começado, as autoridades ucranianas não têm acesso às áreas controladas pela Rússia, informou a procuradora-geral à agência de notícias AFP. Ela também ressaltou as dificuldades de levar as investigações à frente enquanto os conflitos ainda estão ocorrendo. Autoridades ucranianas, no entanto, estão colhendo depoimentos de pessoas evacuadas e de prisioneiros de guerra.
Militares em processo para retirar minas terrestres de praia em Mariupol, Ucrânia
REUTERS TV
Estônia, Letônia e Eslováquia também se juntaram aos esforços de investigação, disse Venediktova, algo que a Polônia e a Lituânia já vinham fazendo.
O Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, descreveu a Ucrânia como uma “cena do crime” e enviou a maior equipe de investigadores em sua história para o país. A corte também espera abrir um escritório na capital ucraniana, Kiev.
Enquanto isso, nesta terça-feira (31), dois soldados russos foram condenados à prisão por 11 anos e meio na Ucrânia por bombardear áreas civis. O primeiro soldado russo a ser julgado na Ucrânia, o sargento Vadim Shishimarin, foi condenado à prisão perpétua por matar um civil na semana passada.
A ouvidora de direitos humanos da Ucrânia, Lyudmila Denisova, também foi demitida pelo parlamento ucraniano. Ela foi criticada por não organizar corredores humanitários e por ter falhando em lidar com supostos casos de estupro, de acordo com a mídia local. Denisova disse que vai recorrer da decisão.
Ataque a escola em Bilohorivka deixou ao menos 2 mortos, segundo governador da região
Divulgação/Administração Militar de Luhansk
Na linha de frente, forças ucranianas e russas lutam pelo controle da cidade de Severdonetsk, na região de Luhansk, ao leste. Diz-se que a cidade está dividida entre os dois lados, mas não igualmente. O governador Serhiy Haidai, ucraniano, disse que “70%-80% da cidade está controlada pelo exército russo”.
Uma explosão também teria atingido um contêiner de ácido nítrico na cidade, que se acredita ter sido causada por um ataque aéreo, disse Haidai. O governador afirmou à BBC que gases tóxicos foram liberados no ar após a explosão, mas apenas em uma pequena área.
A Rússia agora ocupa quase toda Luhansk e concentra-se em dominá-la, assim como pretende fazer com a vizinha Donetsk.
Longe dos combates, os líderes da União Européia (EU) chegaram a um acordo para proibir 90% das importações de petróleo da Rússia, excluindo petróleo por oleodutos, ao qual a Hungria se opôs. Mas os membros da UE continuam divididos sobre as exportações de gás da Rússia.
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