Em meio a pressão do governo sobre Petrobras, Senado convida Guedes, Sachsida e Coelho para explicar alta dos combustíveis
Governo pressionou, e presidente da empresa pediu demissão nesta segunda (20); indicado como sucessor é assessor de Guedes. Por ser convite, eles não são obrigados a comparecer. Ministros da Economia, Paulo Guedes (esq.), e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida (Minas e Energia)
EDU ANDRADE/Ascom/ME
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou nesta terça-feira (21) um requerimento de convite para que os ministros Paulo Guedes (Economia) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e o ex-presidente da Petrobras José Mauro Coelho expliquem o novo aumento no preço dos combustíveis, anunciado pela empresa na semana passada.
A aprovação acontece em meio à pressão do governo sobre a Petrobras diante dos reajustes na gasolina e no diesel. Nesta segunda (20), o presidente da empresa, José Mauro Ferreira Coelho, pediu demissão. O governo indicou como substituto Caio Paes de Andrade, atualmente assessor de Paulo Guedes (veja no vídeo mais abaixo).
Na última sexta (17), a Petrobras anunciou um novo reajuste para gasolina e diesel. O preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro (+5,18%), e o do diesel, de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (+14,26%). O diesel não era reajustado desde 10 de maio, e a gasolina, desde 11 de março.
A Petrobras passou a utilizar em 2016, no governo Michel Temer (MDB), a chamada política de paridade internacional. Isto é, os reajustes são resultado das oscilações dos preços do petróleo e do câmbio.
Na ocasião, a Petrobras dizia que, ao adotar a política, os preços dos combustíveis iriam cair no país.
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Convite x convocação
Inicialmente, o requerimento pedia a convocação de Guedes e de Sachsida, o que obrigaria os ministros a comparecer à comissão.
No entanto, após uma articulação de aliados do governo, que argumentaram haver “constrangimento” na medida, o pedido foi transformado em convite, o que tornou a presença deles facultativa.
Ainda não há data definida para as audiências. Autor do requerimento aprovado, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) disse esperar que Guedes compareça o mais “rápido possível”.
“Acho que constrangidos estamos todos nós, que fazemos vida pública com a situação que beira o caos da sociedade brasileira”, disse Silveira.
O senador chamou a política econômica de Paulo Guedes de “insensível”, “irresponsável”, “omissa” e “desconectada com a realidade do povo brasileiro”.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN), autor do requerimento sobre Sachsida, destacou no pedido o objetivo de que o ministro dê explicações também sobre o fornecimento de diesel no país e um eventual risco de desabastecimento do combustível.
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O que diz a Petrobras
Na nota em que anunciou o reajuste, a Petrobras afirmou que o mercado global de energia está atualmente em “situação desafiadora”, por conta da recuperação da economia mundial e a guerra na Ucrânia.
A estatal disse, ainda, ser “sensível” ao momento em que o Brasil e o mundo estão enfrentando e que “compreende os reflexos que os preços dos combustíveis têm na vida dos cidadãos”.
A empresa disse também que tem buscado equilibrar os preços com o mercado global, sem o repasse imediato da volatilidade dos preços externos e do câmbio.
“Não obstante, quando há uma mudança estrutural no patamar de preços globais, é necessário que a Petrobras busque a convergência com os preços de mercado”, diz a nota.g1 > EconomiaRead More