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EUA renunciam ao uso e produção de minas terrestres, exceto na península coreana

Os EUA não são signatários da Convenção de Ottawa de 1997, o tratado que proíbe estas minas e que foi ratificado por mais de 160 países. Militares em processo para retirar minas terrestres de praia em Mariupol, Ucrânia
REUTERS TV
O governo do presidente americano Joe Biden anunciou nesta terça-feira (21) que renuncia ao uso e produção de minas terrestres, exceto na península coreana.
Isso representa uma reversão de uma decisão de Donald Trump.
“Mais uma vez, o mundo testemunhou o impacto devastador das minas terrestres no contexto da guerra brutal e não provocada da Rússia contra a Ucrânia”, afirmou em nota Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
As forças russas na Ucrânia “utilizam munições explosivas de maneira irresponsável, incluídas as minas terrestres”, o que “afeta em grande medida aos civis e danifica infraestruturas estratégicas”, afirmou Stanley Brown, um funcionário do Departamento de Estado, em coletiva de imprensa.
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O exército americano tem usado minas terrestres de maneira significativa desde a Guerra do Golfo em 1991, afirmou Stanley Brown.
A ideia é aproximar as diretrizes do governo dos EUA da Convenção de Ottawa de 1997, o tratado que proíbe estas minas e que foi ratificado por mais de 160 países, incluindo todos os membros da Otan, com exceção dos Estados Unidos. Rússia, China e Índia também não assinaram.
Para ratificá-lo, os Estados Unidos devem atender à grande parte dos compromissos da Convenção de Ottawa, renunciando a usar, desenvolver, produzir, vender ou fomentar o uso de minas. O texto também pede a destruição das minas já existentes.
Península da Coreia
Nenhuma destas promessas americanas, no entanto, se aplica à península da Coreia.
Os EUA afirmam que, da forma que está, a adesão à Convenção de Ottawa não é compatível com seus compromissos para defender a Coreia do Sul.
Repercussão
A ONG Handicap International afirmou em uma rede social que essa é uma excelente notícia do governo de Biden, mas pediu que os EUA assinem o tratado de 1997. “As minas terrestres devem ser erradicadas de uma vez por todas”, insiste.
Três milhões de minas
Stanley Brown afirmou que os EUA têm atualmente cerca de três milhões de minas em estoque, mas não informou quantas seriam destruídas ou se as conservariam para utilização na península coreana.
O anúncio do governo Biden ressuscita uma política aplicada por Barack Obama e revertida por Trump. Em 2020, o republicano levantou as restrições que pesavam sobre a produção e o uso destas armas.
As minas terrestres, os “restos explosivos de guerra” e as “minas improvisadas” mataram uma média de 19 pessoas por dia em 2020, segundo o Observatório de minas. O número de 2020 foi 21% maior, devido ao relaxamento da desmobilização de minas provocada pela pandemia de covid-19, segundo esta organização internacional.
Os EUA garantem que contribuem para a erradicação das minas, com mais de US$ 4,2 bilhões investidos em cem países desde 1993 por meio de programas de destruição de armas convencionais.
“Continuaremos este importante trabalho”, disse Adrienne Watson, chamando os anúncios desta terça-feira de “mais um passo no processo de restabelecimento” da liderança dos EUA no mundo.
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