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Gustavo Petro: saiba quem é o ex-guerrilheiro que foi eleito o primeiro presidente de esquerda da Colômbia

O ex-guerrilheiro na década de 1980 e ex-prefeito de Bogotá, ele venceu o empresário Rodolfo Hernández no segundo turno, realizado neste domingo (19). Quem é Gustavo Petro? Ex-guerrilheiro é favorito à presidência da Colômbia
Ex-guerrilheiro que, durante a campanha, prometeu reformas econômicas e sociais para combater a pobreza, a desigualdade e a exclusão, Gustavo Petro tornou-se neste domingo (19) o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia (veja mais no vídeo acima).
Ex-prefeito de Bogotá e senador líder da oposição, ele derrotou o excêntrico empresário Rodolfo Hernández e vai suceder Iván Duque.
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Petro teve 50,8% dos 20 milhões de votos, e Hernández, 46,9%, segundo informações que a agência Reuters atribui ao órgão de contagem de votos nacional. Antes da votação, as pesquisas apontavam uma disputa tecnicamente empatada.
Economista, ex-militante de guerrilha do M-19, Gustavo Petro, de 62 anos, era o candidato do Pacto Histórico e tinha como plataforma medidas que despertam temor em empresários e no mercado financeiro. No primeiro turno, havia conquistado 40,34% dos votos.
“A mudança que propomos hoje é derrubar esse regime de corrupção, tirar o ladrão e o assassino do poder”, disse Petro em um evento político em 16 de maio, numa referência pesada ao status quo político colombiano.
Na corrida deste domingo, derrotou o candidato independente Rodolfo Hernández, um engenheiro de 77 anos que integra a Liga de Governantes Anticorrupção e propunha cortar os gastos do Estado e lutar contra a corrupção, apesar de ele próprio ser investigado por suspeita de cometer o mesmo crime.
Hernández havia surpreendido no primeiro turno (com 28,1% dos votos) ao apresentar uma agenda que previa, entre outras ações, entregar drogas a dependentes químicos e desestimular o narcotráfico.
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Entenda: o contexto da disputa Petro x Hernández
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Passado como guerrilheiro
Gustavo Petro durante campanha presidencial na Colômbia em 2022
REUTERS/Luisa Gonzalez
Gustavo Petro nasceu na cidade de Ciénaga de Oro, na província de Córdoba, em 19 de abril de 1960. Dez anos depois, no dia do seu aniversário, aconteceu uma eleição supostamente fraudada pela ala conservadora da Colômbia. Isso mobilizou a criação do grupo guerrilheiro Movimento 19 de Abril, conhecido como M-19.
Aos 17 anos, Petro entrou no M-19 e sua participação no grupo marca toda a sua carreira política. Foi preso em 1985 por posse ilegal de armas. Segundo ele mesmo conta, foi torturado pelo exército e depois cumpriu pena de 18 meses na cadeia.
Por estar preso, Petro não participou de um dos ataques mais marcantes da história do M-19. Nos dias 6 e 7 de novembro de 1985, o grupo invadiu o Palácio da Justiça e fez mais de 300 pessoas reféns. A tomada durou 28 horas e terminou em um confronto com o exército. A ação deixou mais de 100 mortos, entre ele o presidente da Suprema Corte, Alfonso Reyes Echandía.
Em paralelo a sua atuação na guerrilha, Petro se formou em Economia na Universidade Externado, em Bogotá.
O grupo guerrilheiro se transformou em um partido político em 1990, se tornando a Aliança Democrática M-19. Petro foi um dos fundadores .
Carreira política
Seu partido teve participação ativa na criação da nova Constituição da Colômbia em 1990. Em 1991, Petro foi eleito deputado por 4 anos. Depois, após ameaças de morte, ficou 2 anos na Bélgica, como funcionário da embaixada colombiana. Em 1998 cumpriu um segundo mandato como deputado, mas por outro partido que fundou com outros ex-militantes que saíram do M-19.
Alcançou maior destaque político quando foi senador entre 2006 e 2010, o terceiro mais votado. Obteve grande popularidade por fazer denúncias de corrupção. Revelou vínculos entre políticos e facções criminosas, além de esquemas ilegais envolvendo o então presidente Álvaro Uribe.
Concorreu pela primeira vez à presidência em 2010, mas teve pouco mais de 9% dos votos.
Depois da derrota, se candidatou para prefeitura de Bogotá, eleição da qual saiu vitorioso. Petro se vangloria de ter criado a Secretaria da Mulher e por avanços sociais nas áreas de saúde, emprego e redução de pobreza durante sua gestão como prefeito.
Em 2018, novamente candidato à presidência, Petro foi criticado pela amizade com o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez. Foi acusado pela oposição de querer transformar o país em uma Venezuela. Perdeu a eleição no segundo turno para Iván Duque.
Colômbia e Venezuela
Gustavo Petro durante a campanha presidencial em 2018
Reuters/Fred Builes
Em uma entrevista para o jornal colombiano “Semana”, Petro disse que hoje em dia as palavras direita e esquerda não são boas definições de orientação política. Ele sugere outro prisma: “a política da vida ou a política da morte”.
Dentro dessa classificação, ele coloca Nicolás Maduro como um “político da morte”. Ele critica o presidente da Venezuela por não querer desvincular o país da dependência do petróleo. Essa crítica de Petro faz sentido no contexto eleitoral, afinal uma das suas promessas de campanha é investir em fontes mais limpas de energia.
Já sobre Hugo Chávez, que antecedeu Maduro na presidência da Venezuela, a opinião dele é diferente. Petro disse nessa mesma entrevista que Chávez “tentou desligar a Venezuela do Petróleo, mas falhou”. Ele comentou que compartilha da visão do ex-presidente venezuelano e que pretende tirar a Colômbia da dependência de combustíveis fósseis.
No início do ano, segundo a revista “Dinero”, Maduro criticou a esquerda da Colômbia, chamando-a de covarde. Petro respondeu, dizendo que covarde são aqueles que não abraçam a democracia.
No entanto, isso não impediu que a oposição continue comparando-o com Maduro, como fez na eleição anterior. Iván Duque já fez críticas parecidas em 2018, quando os dois também foram rivais e Petro perdeu o cargo para Duque.
A rivalidade entre Iván Duque e Gustavo Petro é antiga. Duque foi apoiado pelo ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que foi alvo de denúncia de corrupção quando Petro era senador.
Campanha presidencial de 2022
Gustavo Petro em campanha pela presidência da Colômbia em 2022
REUTERS/Luisa Gonzalez
Apesar de ainda estar preso à imagem de guerrilheiro, Gustavo Petro, agora com 62 anos, teve uma trajetória mais tranquila em 2022. Teve 40,4% dos votos no primeiro turno, uma vantagem boa do segundo colocado, Rodolfo Hernández, que teve 27,9% dos votos.
Com uma proposta de governo bastante voltada para ações internas na Colômbia, em seus discursos e entrevistas Petro não fala muito sobre outros países da América Latina ou como seria a relação de uma Colômbia por ele governada com o Brasil. Seus projetos para a Amazônia só citam a porção colombiana da floresta.
Na questão internacional, ele cita um interesse em produção de energia alternativa, menos dependente de combustíveis fósseis. Em uma entrevista para a revista americana “Time”, ele citou que gostaria de ver uma grande união de países na luta contra o aquecimento global e “uma transição da América Latina para uma economia descarbonizada, produtiva e baseada em tecnologia”.
Petro conquistou apoio por suas promessas de corrigir a profunda desigualdade de renda no país. Inclusive com uma proposta considerada polêmica por economistas: garantir uma aposentadoria mínima para os mais pobres. O problema é de onde sairia o dinheiro. Petro sugere transferir fundos de pensões particulares para o fundo do governo e usar esse montante para financiar o projeto do governo.
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