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‘Educação rosa’, um fenômeno descrito como nefasto para a Hungria de Viktor Orbán

Relatório do governo húngaro, ultradireitista, constata que presença feminina maior nas universidades pode reduzir taxa de fertilidade e causar problemas demográficos para o país. O premiê húngaro Viktor Órban, em 30 de junho de 2022
AP – Bertrand Guay
Um estudo elaborado pelo Gabinete de Auditoria do Estado, órgão ligado ao governo do premiê húngaro de extrema direita, Viktor Orbán, concluiu que a presença feminina significativa no ensino superior pode acarretar problemas demográficos para a Hungria: diminui as chances de que a mulher encontre um parceiro e, por consequência, reduz a taxa de fertilidade.
Esse fenômeno, denominado de “educação rosa”, é considerado nefasto para a Hungria de Orbán, pois ameaça a economia e prejudica os homens. Tudo porque descobriu-se que mais mulheres ingressam na universidade, com uma vantagem de 54,5% sobre o sexo masculino, o que caracteriza, como descreve o relatório, a feminização do corpo docente e do sistema educacional.
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O estudo é baseado em um questionário respondido por 700 pais e professores, que foi reproduzido pelo jornal “Nepszava”. Os investigadores concluem que as mulheres altamente educadas tendem a ser mais exigentes do que os homens sobre o status educacional de seus cônjuges.
Relata ainda que a criatividade e a competição são características masculinas necessárias para o desenvolvimento ideal não apenas para a economia húngara, mas para a vida cotidiana. Essas qualidades, exemplifica o relatório, são importantes para o rapaz quando ele é desafiado por um computador travado, por uma torneira que pinga ou por um móvel que precisa ser montado.
Pela lógica apresentada pelo relatório do governo, quando a educação passa a privilegiar traços femininos, a igualdade de gênero será enfraquecida, por serem considerados mais importantes nas escolas do que as habilidades matemáticas e técnicas, necessárias para os meninos. Entenda-se como características femininas, sob o ponto-de-vista dos investigadores que redigiram o estudo, maturidade emocional e social, diligência, capacidade de ouvir e tolerância à monotonia.
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Intitulado como “Sinais de educação rosa na Hungria ?!”, o relatório foi criticado pela oposição, como um novo capítulo na guerra cultural promovida por Orbán desde que chegou ao poder, há 22 anos. “É mais um golpe na igualdade de gênero e nos direitos das mulheres na Hungria”, tuitou a pesquisadora Lydia Gall, da Human Rights Watch, referindo-se às conclusões, que põem os meninos em desvantagem sobre as meninas na escola.
Não chega a ser surpresa no país que atualmente é processado pela Comissão Europeia por ter promulgado uma lei que proíbe o uso de materiais considerados promotores da homossexualidade e da mudança de gênero nas escolas. Ou que isenta as mulheres com quatro filhos do pagamento de imposto de renda, para incentivar o aumento da taxa de natalidade.
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Outro decreto, assinado pelo primeiro-ministro em 2018, proibiu estudos de gênero em todas as universidades húngaras. Foi justificado com o argumento de que as pessoas nascem homens ou mulheres e que, portanto, não havia necessidade de se gastar fundos públicos nesta área. Sem evidências científicas, o relatório do órgão auditor é o resultado disso.g1 > MundoRead More

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