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Começa na Argentina julgamento de repressor da ditadura extraditado da França

Maior Sandoval, ex-inspetor da Polícia Federal, é suspeito de ter participado de centenas de outros casos ocorridos durante a ditadura que durou de 1976 a 1983. Mario Sandoval, no centro, ex-policial que é julgado na Argentina
Luis Robayo/ AFP
A Justiça argentina iniciou nesta quarta-feira (14) o julgamento de Mario Sandoval, um ex-policial acusado de torturar, matar e esconder o corpo de um jovem em 1976, durante a última ditadura militar do país.
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Sandoval foi viver na França, mas em 2019 ele foi extraditado para ser julgado no país dele.
Além de ser acusado do desaparecimento de Hernán Abriata, Sandoval, ex-inspetor da Polícia Federal, é suspeito de ter participado de centenas de outros casos ocorridos durante a ditadura que durou de 1976 a 1983.
Em 1985, pouco depois da volta da democracia à Argentina, ele passou a residir na França. O réu se refugiou na França, onde obteve a nacionalidade em 1997. Ele foi consultor do ex-presidente francês Nicolás Sarkozy, trabalhou como professor no Instituto de Altos Estudos Latino-Americanos da Sorbonne e na Universidade de Marne-La Valle.
Em 2012, a Justiça da Argentina pediu a extradição dele para a França para responder a um processo de investigação sobre o desaparecimento de 800 pessoas na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), o maior centro de detenção clandestina durante a ditadura, por onde passaram cerca de 5.000 presos políticos.
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Em 2019, ele foi preso em sua casa nos arredores de Paris e levado para a Argentina.
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Família aguarda processo há 46 anos
“É uma busca muito longa de 46 anos por justiça. A família identificou os responsáveis pelo sequestro. Esperamos uma condenação”, disse Sol Hourcade, a advogada da família.
Ela disse que espera que Sandoval receba a pena máxima, de 25 anos de prisão, por privação ilegal de liberdade, violência, ameaças e tortura.
Audiência presencial
A audiência, que originalmente seria virtual, foi realizada presencialmente nos tribunais federais em Buenos Aires.
O tribunal leu a acusação, e a defesa de Sandoval se opôs à denúncia e pediu a anulação da acusação de tortura, o que foi rejeitado pela corte.
Sandoval, em prisão preventiva, entrou algemado e vestindo uma jaqueta preta, com uma máscara que cobria parcialmente o rosto, na sala onde apenas as partes litigantes puderam entrar.
Separados por vidros, do lado de fora da sala, familiares de Abriata, sobreviventes da ESMA e representantes de organizações de direitos humanos acompanharam da plateia.
De acordo com o caso, o ex-policial apareceu na casa da família Abriata em Buenos Aires em 30 de outubro de 1976 e prendeu Hernán, um estudante de arquitetura de 24 anos que era membro da Juventude Universitária Peronista (JUP).
Sobreviventes afirmaram que o viram no centro de detenção clandestino da ESMA.
Sandoval negou as acusações, pediu a prescrição do caso, mas todos os seus pedidos foram rejeitados.
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