‘Mandei matar a vice Cristina’, escreveu namorada de brasileiro que tentou atirar em Kirchner
Conversas obtidas pelo jornal “La Nacion” mostram conversas privadas entre Brenda Uliarte e sua amiga Agustina Díaz. Brenda Uliarte, namorada do brasileiro que tentou matar Cristina, foi presa no dia 5 de setembro
Reprodução/TV Globo
Conversas obtidas pela Justiça argentina mostram a troca de mensagens privadas entre Brenda Uliarte, namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel que tentou matar a vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner, e sua amiga Agustina Díaz. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (15) pelo jornal argentino “La Nacion”.
No dia 1º de setembro, Montiel apontou uma arma a menos de um metro da cabeça de Kirchner quando ela estava cercada de apoiadores. A arma falhou no momento do disparo. Montiel foi preso no mesmo dia e sua namorada está presa desde o dia 5. (Veja mais informações sobre o ataque abaixo)
As conversas divulgadas pela imprensa argentina mostram que Brenda Uliarte estava planejando um ataque ao governo desde pelo menos o dia 4 de julho. Veja trechos reproduzidos em tradução livre abaixo:
Brenda Uliarte: “Estou organizando um ataque a Casa Rosada com bombas molotov e tudo”
Agustina Díaz: “Seria melhor, não”
Os trechos divulgados da conversa deste dia terminam com as mensagens:
Brenda Uliarte: “[…] Vou ser a libertadora da Argentina. Estive praticando tiro, sei usar uma arma”
Agustina Díaz: “Te amo”
No dia 27 de agosto, ela declarou para a amiga que mandou matar Kirchner, mas que nesse dia não deu certo.
Agustina Díaz: “O que aconteceu? O que eu perdi?”
Brenda Uliarte: “Mandei matar a vice Cristina. Não deu certo porque ela entrou [em casa].”
Na sequência da conversa ela explica que mandou uma pessoa matar a vice e que ele não cobrou nada. No caso, ela se referia ao namorado Fernando Montiel. A amiga expressa preocupação, dizendo que ela vai ser procurada por ser cúmplice, no que Brenda responde que tem dinheiro para fugir, mas que antes quer fazer algo pelo seu país.
Em outra conversa, com Montiel, ele explica que não conseguiu matar Kirchner porque no local tinha uma câmera de TV e pouca gente. Nesse dia, apoiadores de Kirchner também estavam reunidos em frente à casa dela.
Na noite seguinte ao atentado, no dia 2 de setembro, a amiga voltou a falar com ela:
Agustina Díaz: “Por que o tiro falhou? Não praticou antes ou foi por causa da adrenalina do momento”
Algumas mensagens de Brenda Uliarte estão apagadas nos trechos obtidos pela Justiça. A última mensagem da amiga nessa conversa é:
Agustina Díaz: “Tem que se desfazer desse celular. E trocar de número. Apaga sua conta, tudo.”
A Polícia Federal da Argentina prendeu Brenda Uliarte no dia 5 de setembro. Antes da prisão, Uliarte disse publicamente que não via Montiel há dois dias e tentou se distanciar das ações do namorado, apesar de imagens de câmeras de segurança mostrarem o casal junto no transporte público no dia do ataque à vice-presidente.
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Atentado contra a vice da Argentina
O ataque a Cristina Kirchner momento a momento
Infográfico mostra como foi ataque contra Cristina Kirchner
Juan Silva/Editorai de Arte g1
Kirchner foi atacada no dia 1º de setembro, enquanto estava cercada por simpatizantes do lado de fora de sua residência. Seus seguidores a aguardavam para expressar apoio após um pedido de 12 anos de prisão e para a perda de seus direitos a exercer cargos públicos por parte do Ministério Público em um julgamento por suposta corrupção.
Montiel engatilhou a pistola Bersa calibre 38 apontada para a cabeça de Kirchner, mas por uma razão que ainda não foi esclarecida as balas não dispararam.
Kirchner, ao ver a arma, chega a se abaixar. Ela continuou a assinar livros, a tirar fotos e a cumprimentar as pessoas após o ataque, como se nada tivesse acontecido.
Os seguranças de Kirchner conseguiram deter Montiel com a ajuda dos militantes que estavam em volta da vice-presidente. Em seguida, o brasileiro, que tem antecedentes policiais, foi preso.
Além de Montiel e Uliarte, outras duas pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no atentado.
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