Arquipélago francês de Mayotte está ‘à beira de uma guerra civil’, afirma deputada
Há dez dias criminosos se enfrentam no território, que é composto por duas ilhas e está situado entre costas de Moçambique e Madagascar. Uma mulher passa na frente de carros incendiados em Mamudzu, Maiote, território francês, em 21 de novembro de 2022
AFP – GREGOIRE MEROT
O arquipélago francês de Mayotte, no oceano Índico, é palco de violências entre grupos rivais de jovens, que deixaram um morto e dezenas de feridos. De acordo com uma deputada, o território está à beira de uma guerra civil.
Após um fim de semana de violências e incêndios, uma unidade do Raid, a policia nacional francesa que luta contra o crime organizado, é esperada nesta terça-feira (22) em Mayotte para ajudar as forças de ordem locais, de acordo com o ministério do Interior da França.
Estelle Youssouffa, deputada de Mayotte, alertou sobre a situação no território ultramarino francês à rádio pública France Info, na segunda-feira (21). “Há casas incendiadas, pessoas que foram agredidas e amputadas com facões e seus membros foram espalhados em estradas para assustar a população”, denunciou.
Mayotte é um território francês no oceano Indico composto por duas ilhas e situado entre as costas de Moçambique e Madagascar. Com apenas 300.000 habitantes, esse departamento ultramarino é palco de uma luta sangrenta entre grupos criminosos há dez dias.
Tudo começou em 12 de novembro com o assassinato a golpes de facão de um jovem de 20 anos, em uma briga entre gangues rivais de dois bairros de Mamudzu, maior cidade do arquipélago: Kawéni e Doujani.
Logo após, um ônibus escolar foi atacado em Kawéni, bairro originário da vítima. No sábado (19), mais de 200 jovens deste bairro atacaram grupos rivais de Doujani. Um motorista foi apunhalado no domingo em Mtsapéré Bonovo, outro setor da cidade.
Guerra civil
“Estamos à beira de uma guerra civil”, advertiu Estelle Youssouffa. Ela descreveu a situação como “barbárie” e “terror” na entrevista à France Info.
De acordo com a deputada, o arquipélago “está completamente abandonado pelas autoridades francesas”. “Mayotte está sendo massacrada em meio à indiferença total”, afirmou.
Youssouffa pediu ações concretas para devolver a “soberania e a segurança” à região. Para ela, a violência está ligada à imigração clandestina, em grande parte vinda das Ilhas Comores.
“Mais de 50% da população é estrangeira, em sua grande maioria, em situação irregular. Todos nossos serviços públicos estão saturados. Há milhares de crianças isoladas que não podem ser expulsas, adultos que estão formando grupos criminosos que espalham o terror. Eles têm 12 ou 13 anos e passeiam com facões”, denuncia.
Em meados de outubro, prefeitos e deputados de Mayotte alertaram Paris sobre a violência “inviável” e crescente no departamento e exigiram que o “Estado assuma plenamente sua missão de segurança”.
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