China tem novos protestos apesar da ordem de repressão determinada pelo governo
Revolta teve início após um incêndio em um prédio de Urumqi, na região noroeste do país, em que morreram dez pessoas. Internautas afirmam que muitos moradores tiveram dificuldade de sair do edifício devido às rígidas medidas sanitárias. As autoridades chinesas reforçaram o policiamento nas ruas das principais cidades do país para impedir a realização de novos protestos
AP
Os chineses continuam nas ruas protestando contra a rígida política de Covid Zero do governo. Em Cantão – ou Guangzhou, de acordo com a denominação em chinês –, no sul do país, a polícia reprimiu manifestantes que desafiaram a proibição de sair nas ruas na madrugada de terça para quarta-feira (30). Nesse contexto de violência, um representante da União Europeia faz uma visita de ao menos dois dias a Pequim para encontros com as principais autoridades do país.
Nas redes sociais, imagens mostram policiais munidos de escudos avançando em bloco em direção aos manifestantes no distrito de Haizhu. Revoltadas, algumas pessoas lançam garrafas contra as tropas de choque. Vídeos também mostram indivíduos sendo algemados pelos policiais.
Um morador de Cantão, que deu apenas seu sobrenome – Chen –, disse à agência AFP que viu cerca de cem policiais convergindo para o vilarejo de Hujiao, parte do distrito de Haizhu. Ele testemunhou a prisão de pelo menos três homens na noite de terça-feira
Após os protestos históricos do fim de semana em várias cidades, o governo chinês acionou um forte aparato de segurança para tentar acabar com a mobilização. A revolta teve início após um incêndio em um prédio de Urumqi, na região noroeste do país, em que morreram dez pessoas. Internautas afirmam que muitos moradores tiveram dificuldade de sair do edifício em meio às chamas, devido às rígidas medidas sanitárias. Mas as autoridades chinesas negam essas denúncias e alegam que os protestos estão sendo manipulados por “forças obscuras”.
Neste contexto de repressão, o belga Charles Michel, presidente do Conselho Europeu – instância que representa os países-membros da União Europeia – faz uma visita a Pequim, a partir desta quarta-feira, onde se encontrará com autoridades, entre elas o presidente Xi Jinping, o primeiro-ministro Li Keqiang e o presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional Popular (NPC), Wu Bangguo, na quinta-feira (1).
Na terça-feira, a Comissão de Assuntos Políticos e Jurídicos do Partido Comunista Chinês (PCC), que supervisiona a ação da polícia, declarou que “as ações criminosas destinadas a fraturar a ordem social devem ser reprimidas energicamente, de acordo com a lei, a fim de proteger, com determinação, a estabilidade social” no país.
Política ineficaz diante de subvariantes da ômicron
Desde o final da semana passada, Pequim, Xangai e mais de uma dezena de metrópoles chinesas têm sido palco de protestos. Imposta há quase três anos, a política chinesa de Covid Zero se mostra ineficaz diante das subvariantes da ômicron, mais contagiosas, enquanto a população não esconde mais o cansaço diante das restrições. Os chineses pedem “liberdade” e medidas contra a pobreza, que se acentuou em algumas áreas do país com a desaceleração econômica provocada pela estratégia sanitária defendida pelo PCC.
A Comissão Nacional de Saúde prometeu, na terça-feira, acelerar o aumento da taxa de vacinação nos idosos com mais de 80 anos e continuar ampliando a taxa de imunização na faixa etária de 60 a 79 anos de idade.
Atualmente, apenas 66% dos octogenários estão com o esquema de vacinação completo no país. Essa cobertura de vacinação limitada entre os idosos é um dos argumentos do governo comunista para justificar sua política de saúde rígida, que inclui confinamentos prolongados, quarentenas no momento da chegada do exterior e testes praticamente diários para a população.
O avanço nas taxas de vacinação poderia oferecer à China uma saída para a política de Covid Zero.g1 > MundoRead More