Entenda por que aumentou a chance de cassação de George Santos, filho de brasileiros que é deputado nos EUA
Santos já sobreviveu a uma votação de cassação, mas, desde então, foi divulgado um relatório da comissão de ética da Câmara dos Deputados dos EUA que destaca alguns problemas com a forma como o deputado usou dinheiro da campanha. George Santos em imagem de 1º de novembro de 2023
Julia Nikhinson/Reuters
O presidente da Câmara de Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson, disse que a Casa deve votar o mais recente pedido de expulsão de George Santos, o deputado filho de brasileiros, na quinta-feira (29). Johnson e Santos são do mesmo grupo político, o Partido Republicano.
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Na terça-feira, Santos disse que não vai renunciar: “Se eu renunciar, facilitarei as coisas para este lugar. Este lugar é administrado com base na hipocrisia. Cansei de desempenhar um papel no circo. Se quiserem que eu deixe o Congresso, terão que fazer uma votação difícil” , disse Santos, de 35 anos.
A votação agendada para quinta-feira não é a primeira. No dia 1º de novembro, ele venceu a uma tentativa de cassação.
Para ser aprovada, a medida precisava de dois terços dos deputados, o equivalente a 290 votos. No entanto, apenas 24 deputados republicanos votaram a favor da expulsão. Entre os democratas, 32 votaram contra a cassação. O placar daquela votação foi o seguinte:
213 votaram contra a cassação.
179 votaram a favor da cassação.
19 se abstiveram.
Por que agora as chances de cassação aumentaram?
Uma comissão parlamentar foi criada para investigar possíveis crimes de George Santos. A divulgação do relatório dessa comissão aconteceu depois da votação do dia 1º de novembro.
A divulgação desse texto foi a grande novidade. Houve gastos de campanha que não têm relação com política. Por exemplo, houve os seguintes pagamentos com dinheiro do comitê:
Despesa de US$ 2.281 em um resort na cidade turística de Atlantic City.
Gasto de US$ 1.400 em um spa com a rubrica de “botox”.
Pagamento de US$ 3,332 em uma hospedagem em um fim de semana em que, de acordo com o calendário de campanha, Santos estava em uma região turística (Hamptons).
Gastos no cartão de crédito do comitê de campanha feitos na cidade turística de Las Vegas durante um período em que Santos disse que estava em lua de mel e que não havia atividades de campanha.
Além dessas despesas suspeitas que foram feitas com o cartão de crédito da campanha, há outras operações que chamaram atenção da comissão.
Três pessoas transferiram dinheiro para a conta de uma empresa chamada RedStone Strategies porque disseram a elas que os valores seriam usados para fins políticos.
Depois disso, US$ 200 mil foram transferidos da conta da RedStone para a conta pessoal de George Santos.
Com uma parte desse dinheiro, Santos fez as seguintes compras:
Roupas de US$ 4,128 na loja de luxo Hermes.
Compras pequenas na plataforma de conteúdo erótico OnlyFans.
Compras em uma loja de maquiagem.
Refeições e estacionamento.
Casos na Justiça
Além desses gastos suspeitos identificados pelo próprio Congresso dos EUA, há outras investigações sobre a conduta do deputado na Justiça do país.
No total, ele enfrenta 23 acusações criminais feitas pelo Ministério Público. Os promotores dizem Santos transferiu parte do dinheiro da campanha para sua conta bancária pessoal. Entre essas acusações estão as seguintes:
Ele e um assistente teriam pedido US$ 50 mil em doações para um fundo político que, na verdade, nunca existiu. Esse dinheiro foi usado para comprar roupas e quitar dívidas.
Durante a pandemia, ele pediu mais de US$ 24 mil em seguro desemprego (ele tinha um cargo em um fundo de investimento).
Ele fez declarações falsas sobre sua renda ao Congresso.
Ele falsificou relatórios de campanha para poder receber dinheiro e apoio logístico do comitê nacional do Partido Republicano.
Ele usou diversas vezes os cartões de crédito de doadores da campanha, sem autorização deles, para distribuir dinheiro para outros candidatos e também para a própria conta pessoa.
Mentiras que não viraram processos
Em seu currículo, ele mentiu quando disse que estudou em colégios e faculdades dos EUA que negaram que ele foi um aluno.
Ele também mentiu ao dizer que trabalhou para grandes empresas do setor financeiro, como Citigroup e Goldman Sachs.
Ele disse que os avós dele eram judeus que fugiram para o Brasil depois do Holocausto, mas os avós dele nasceram no Brasil, mesmo.
Ele também falou que a mãe estava em um dos prédios do World Trade Center no momento do ataque do 11 de setembro de 2001, mas os documentos da mãe revelam que ela nem mesmo estava nos EUA nessa data.
Ele inventou que quatro funcionários dele morreram no ataque à boate LGBTQIA+ Pulse, mas isso não aconteceu.
Ele disse que fundou uma organização de defesa dos animais, mas não há registro disso. Ele é acusado de ter roubado dinheiro arrecadado para a defesa dos animais. .
Em 2020, ele concorreu ao cargo de deputado federal e perdeu. Ele disse, sem apresentar nenhuma evidência, que a votação foi roubada.
Ele disse que ganhou dinheiro com aluguel de imóveis, mas não há registro de que ele tenha sido proprietário de imóveis.
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