Biden se diz ‘indignado’ após ataque que matou 7 trabalhadores de ONG em Gaza, cobra apuração rápida de Israel e diz: ‘Este não é um incidente isolado’
Funcionários da World Central Kitchen, ONG de chef condecorado por Obama, foram atingidos em carro identificado na segunda (1º). O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu o ataque realizado pelo Exército israelense e disse que não foi intencional. Ataque israelense destrói carro e mata 7 trabalhadores humanitários em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que está indignado com a morte de sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza. Eles foram mortos pelo Exército israelense, admitiu o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Biden disse que as mortes não são um incidente isolado. Em fevereiro, mais de cem pessoas morreram durante distribuição de comida e ajuda humanitária na região.
Biden também cobrou
Netanyahu reconhece erro do Exército israelense
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu nesta terça-feira (2) que o ataque que matou sete membros da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza partiu do Exército israelense.
“Infelizmente, no último dia houve um caso trágico em que as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Acontece em guerras, e estamos verificando até o fim, estamos em contato com os governos, e tudo faremos para que isso não aconteça novamente”, declarou o premiê.
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O ataque, que atingiu dois veículos da ONG, ocorreu na segunda-feira (1º). A organização, criada nos Estados Unidos pelo chef espanhol José Andrés, famoso nos EUA, havia levado uma carga de alimentos ao território palestino horas antes do bombardeio.
Segundo a ONG, entre os mortos há três cidadãos do Reino Unido, um da Austrália, um dos Estados Unidos, um da Polônia, e um palestino.
A World Central Kitchen é uma das mais atuantes em Gaza e, há duas semanas, envio o primeiro navio com ajuda humanitária ao território, em uma parceria com a ONG Open Arms, que resgata migrantes naufragados no mar Mediterrâneo. A WCK disse que vai pausar as operações de ajuda na região.
Os dois veículos que transportavam as vítimas e que foram atingidos tinham o logotipo e o nome da ONG desenhados no teto (veja imagem acima) e circulavam sozinhos em uma via de uma área sem conflitos. Em comunicado, a World Central Kitchen frisou que os carros eram blindados e estavam identificados.
Após o episódio, o Ministro da Defesa de Israel anunciou que abrirá uma sala de situação para coordenar a distribuição de ajuda humanitária em Gaza em conjunto com “grupos internacionais”.
Um dos veículos da ONG World Central Kitchen após ser atingido por um ataque israelense na Faixa de Gaza, em 1º de abril de 2024.
Ahmed Zakot/ Reuters
As Forças Armadas de Israel também emitiram uma nota nesta terça admitindo a culpa e afirmando que o ataque foi um “trágico resultado” de um bombardeio israelense. Em mensagem de vídeo nesta terça-feira (2), o porta-voz do Exército disse ter ligado para o chef espanhol José Andrés para expressar “os mais profundos sentimentos”.
O chef espanhol José Andrés afirmou que a ONG perdeu “diversas irmãs e irmãos em um ataque das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza”. “É uma tragédia. Trabalhadores de organizações humanitárias e civis nunca deveriam ser um alvo. Nunca”, disse Andrés.
O chef espanhol é famoso nos Estados Unidos por atuar em diversos programas de TV, realizar trabalhos de distribuição de comida e ter sido condecorado pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama com uma medalha de serviços humanitários do governo norte-americano.
“Este não é apenas um ataque contra a World Central Kitchen, é um ataque a organizações humanitárias que se apresentam nas situações mais terríveis, em que os alimentos são usados como arma de guerra. Isso é imperdoável”, disse o CEO da ONG, Erin Gore.
Resposta é ‘insuficiente’, dizem EUA
Membros da World Central Kitchen na Faixa de Gaza em 21 de março de 2024
Reprodução/ @chefjoseandres
O caso gerou repercussão também entre líderes e autoridades mundiais.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, chamou a resposta de Israel de “insuficiente” e disse que a World Central Kitchen “estava fazendo um trabalho extraordinário” em Gaza. “Os funcionários de organizações de ajuda humanitária têm de ser protegidos”, afirmou.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou estar “chocado” com o ataque. Já o premiê espanhol, Pedro Sánchez, se disse “horrorizado”, e o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, cobrou de Israel explicações — uma das vítimas era uma funcionária australiana da ONG.
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Entrega de alimentos
Embarcações atracam em estrutura flutuante com ajuda humanitária transportada por navio de ONG espanhola, que chegou na Faixa de Gaza em 15 de março de 2024.
Forças Armadas de Israel
Os funcionários da ONG haviam acabado de levar comida e outros itens de ajuda humanitária ao norte da Faixa de Gaza, onde a população está à beira de uma crise de fome. Imagens em vídeo gravadas em um hospital na cidade de Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, mostram que alguns deles estavam com itens de proteção que tinham o logotipo da ONG.
Nesta semana, a World Central Kitchen enviou um navio com cerca de 400 toneladas de comida e itens de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O carregamento foi organizado pelos Emirados Árabes Unidos e deve chegar na semana que vem à costa de Gaza.
No mês passado, a ONG enviou a primeira entrega, com 200 toneladas e que reabriu a rota marítima a Gaza, que estava fechada por determinação de Israel.
A ONU tem uma agência especializada em atender os palestinos que atua na Faixa de Gaza, mas Israel proibiu essa entidade de fazer entregas no norte do território. Outros grupos de ajuda afirmam que enviar comboios de caminhões para o norte tem sido muito perigoso devido à falta de garantia de segurança por parte do exército.
Veja abaixo um vídeo sobre a possibilidade de crise de fome na Faixa de Gaza.
A Corte Internacional de Justiça – principal órgão judicial da ONU – ordenou que Israel garanta a entrega de alimentos à população palestina na Faixa de Gaza
Campanha militar em hospital
O ataque aconteceu horas depois de as forças de Israel finalizarem um período de duas semanas de ações militares no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. O hospital ficou destruído, e uma parte do prédio foi reduzida a cinzas.
Os militares afirmaram ter matado 200 militantes do Hamas durante a permanência no hospital, mas as principais agências de notícias não conseguiram confirmar se todos realmente pertenciam ao grupo terrorista.
O governo local, controlado pelo Hamas, disse ter retirado corpos de civis dos destroços.
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