Um ano da tragédia do submarino Titan: empresa quer fazer expedição não tripulada a destroços do Titanic em julho
Exploradores relatam que não se intimidaram por episódio, no qual embarcação com 5 pessoas implodiu a 3.800 metros de profundidade há exatamente um ano. Com investigação ainda em aberto, setor não sofreu nenhuma nova regulamentação. Veja as primeiras imagens dos restos do submarino Titan chegando a porto
A implosão mortal de um submarino experimental a caminho dos restos do Titanic em águas profundas do Atlântico, em 18 de junho do ano passado, não diminuiu o desejo de mais exploração dos oceanos.
Embora as investigações sobre o que causou o tragédia do Titan ainda não tenham sido concluídas — e serão adiadas ainda sem prazo final — exploradores disseram à agência de notícias Associated Press que estão confiantes de que a exploração submarina pode continuar com segurança no mundo pós-Titan.
O desaparecimento do Titan a caminho do local dos destroços do Titanic completou um ano nesta terça-feira (18). Após pouco mais de uma semana de uma busca de cinco dias que envolveu três países que ganhou holofotes em todo o mundo, a Guarda Costeira dos EUA disse que o navio foi destruído, e todas as cinco pessoas a bordo morreram (leia mais abaixo).
Desde então, especialistas levantaram preocupações sobre se o Titan estava destinado ao desastre devido ao seu design não convencional e à recusa do seu criador em se submeter a verificações independentes que são padrão na indústria.
Em agosto, a Guarda Costeira deve fazer uma audiência pública planejada para discutir o que seus engenheiros descobriram até agora.
Enquanto isso, a exploração em alto mar continua. A empresa com sede na Geórgia que detêm os direitos de salvamento do Titanic planeja visitar os restos do navio em julho usando veículos operados remotamente, e um bilionário imobiliário de Ohio disse que planeja uma viagem até o naufrágio em um submersível para duas pessoas em 2026.
“É um desejo da comunidade científica descer ao oceano”, disse Greg Stone, um veterano explorador oceânico e amigo do CEO do Titan, Stockton Rush, que morreu na implosão. “Não notei nenhuma diferença na vontade (dos exploradores) de entrar no oceano, explorar.”
Antes de implodir, o próprio Titan vinha fazendo expedições anuais ao Titanic desde 2021 e registrando a decadência dos destroços do navio, além do ecossistema subaquático ao redor do transatlântico.
A OceanGate, empresa fundada por Rush e proprietária do submersível, suspendeu as operações no início de julho. Procurada, a OceanGate também não quis se manifestar.
Mas o ex-conselheiro da empresa David Concannon disse à Associated Press que marcará o primeiro ano da tragédia em uma cerimônia particular com funcionários e ex-funcionários, cientistas, voluntários e especialistas em missões.
Ele disse que todos os envolvidos na operação do Titan vêm sofrendo perseguições desde que o submarino perdeu contato.
“Eles estão isolados e em um espaço liminar”, disse Concannon. “Stockton Rush foi difamado, assim como todos os funcionários do OceanGate e pessoas associadas à empresa. Nos apoiamos uns aos outros, e apenas esperamos para ser questionados (pela Guarda Costeira dos EUA). O mundo seguiu em frente… mas as famílias e os mais afetados ainda vivem com esta tragédia todos os dias.”
Uma delas é a britânica Christine Dawood, esposa e mãe de dois dos cindo tripulantes que estavam a bordo do Titan quando o submarino implodiu: o paquistanês Shanzada Dawood e seu filho, Sulemna Dawood.
Na semana passada, ela publicou uma mensagem em suas redes sociais relatando o luto. Ela disse que sente saudade dos dois todos os dias.
“Quando as pessoas se vão, elas levam um pedaço seu com elas. Tenho pensado naquele tempo que quase me destruiu, e ainda assim o amor e o apoio que eu recebi foram, e ainda são, tão grandes que eu não consigo sentir nada que não seja ser grata”, disse Dawood em suas redes sociais. “Eu sinto a falta deles todos os dias, todas as horas, todos os minutos”.
Um ano
Aviso no site da OceanGate, a empresa que construiu o submarino Titan, que implodiu no fundo do mar a caminho do Titanic, cancelou as atividades.
Reprodução
A embarcação fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com sua embarcação de apoio cerca de duas horas depois.
A OceanGate, que se dedicava a fazer expedições científicas e turísticas no fundo do mar, encerrou todas as suas atividades — o presidente da empresa era um dos tripulantes do Titan, e os outros representantes passaram a evitar dar declarações sobre o episódio.
O submarino tinha apenas 7 metros de comprimento, 2,5 metros de altura e 2,5 metros de largura.
Durante quatro dias, milhões de pessoas acompanharam com a atenção as buscas pelo Titan, que terminaram encontrando destroços dentro do perímetro por onde a embarcação navegava.
A Marinha dos EUA notificou a Guarda Costeira naquele dia sobre uma anomalia em seus dados acústicos que eram “consistente com uma implosão ou explosão” no momento em que as comunicações entre o Príncipe Polar e o Titã foram perdidas, disse mais tarde um alto funcionário da Marinha à Associated Press. O funcionário falou sob condição de anonimato para discutir tecnologia sensível.
Relembre abaixo os principais momentos do episódio:
A viagem
As expedições turísticas e científicas da OceanGate com o Titan tinham o objetivo de visitar a área de destroços do Titanic, o famoso navio que afundou em 1912 no Oceano Atlântico.
A empresa cobrava US$ 250 mil (cerca de R$ 1,19 milhão) de cada passageiro. Eram cinco a bordo no total, e um deles era responsável por conduzir o submarino, que era guiado apenas por um joystick semelhante um controle de videogame.
O Titan movia-se a uma velocidade de 5,5 km/h, impulsionado por quatro propulsores. A viagem duraria cerca de quatro horas, a partir do lançamento do submarino no oceano a partir de um navio que levou os passageiros até a altura do Titanic, a mais de 600 km da costa do Canadá.
Na última expedição do Titan, estavam a bordo:
o diretor-executivo da OceanGate, Stockton Rush, piloto do submarino;
o empresário paquistanês Shahzada Dawood;
Suleman Dawood, que é filho de Shahzada;
o bilionário e explorador britânico Hamish Harding;
e o ex-comandante da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet, principal especialista no naufrágio do Titanic.
O desaparecimento
O submarino desapareceu em 18 de junho, pouco mais de uma hora depois de submergir no Oceano Atlântico. O Titan não é autônomo, como um submarino de grande porte, e, por isso, ficava em constante comunicação com o navio base.
Imediatamente após perder a comunicação, o navio base comunicou o desaparecimento a parentes dos passageiros e buscaram autoridades.
As buscas
No mesmo dia, Estados Unidos e Canadá mobilizaram suas equipes e começaram a operação de busca, à qual a França se uniu depois — o pesquisador Paul-Henry Nargeolet, um dos passageiros, era francês.
No dia seguinte, dezenas de navios, aviões e sondas dos três países chegaram dos Estados Unidos, do Canadá e da França e começaram uma corrida contra o tempo — eles estimavam algumas horas até que o oxigênio dentro da embarcação acabasse.
Após dois dias de mistério, um avião das Forças Armadas do Canadá registrou ruídos que se assemelham a batidas na mesma região de buscas. Foi o primeiro indício de que os passageiros do submarino poderiam estar vivos.
Toda a operação foi então deslocada para a área do ruído. No dia seguinte, um navio de pesquisa francês carregando um robô de mergulho em alto mar desacelerou enquanto fazia buscas nesse perímetro.
Sondas com altíssima capacidade de profundidade foram então colocadas no mar e identificaram destroços em uma área próxima ao Titanic.
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Vitória Coelho e Wagner Magalhães | Arte g1g1 > Mundo Read More