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Sede em sobrado, endereços vazios e sites fora do ar: os mistérios das empresas que podem ter fornecido ‘pagers explosivos’ ao Hezbollah

Sede em sobrado, endereços vazios e sites fora do ar: os mistérios das empresas que podem ter fornecido ‘pagers explosivos’ ao Hezbollah

 Equipes de reportagem de emissora alemã visitaram endereços ligados à BAC Consulting e Norta Global. Autoridades ligaram as empresas europeias ao fornecimento de eletrônicos adulterados ao Hezbollah. Endereço que indica sede da BAC tem um sobrado, onde funcionaria cerca de 10 outras empresas da Hungria
Bogár Zsolt/DW
As empresas europeias BAC Consulting e Norta Global se tornaram o centro das atenções no mistério que envolve o fornecimento de “pagers explosivos” ao grupo extremista libanês Hezbollah. As companhias possuem registros de sede em endereços vazios e tiveram os sites retirados do ar.
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Os pagers utilizados pelo Hezbollah explodiram na terça-feira (17), deixando mortos e centenas de feridos. Segundo a imprensa americana, Israel avisou os Estados Unidos de que conduziria o ataque coordenado contra o grupo extremista. Oficialmente, o governo israelense não assumiu a autoria.
O jornal “The New York Times” apurou que a BAC Consulting é uma empresa de fachada montada por Israel com o objetivo de fornecer pagers ao Hezbollah. Os equipamentos que explodiram são da marca Gold Apollo, uma empresa de Taiwan.
A Gold Apollo confirmou que a BAC era licenciada para a produção de pagers da marca. A empresa tem como sede um sobrado em Budapest, na Hungria. A emissora pública alemã Deutsche Welle (DW) enviou um jornalista até o local, que não encontrou nenhum funcionário.
Segundo a DW, uma folha de papel com o nome da BAC Consulting é a única prova de que a organização tem sede no imóvel.
A reportagem revelou ainda que cerca de 10 outras empresas têm sede no mesmo endereço informado pela BAC. Moradores da área disseram à DW que não conhecem a empresa e que dificilmente veem o endereço receber correspondências.
Um porta-voz do governo da Hungria disse que a BAC é uma intermediária comercial, sem unidades de fabricação. Segundo ele, os pagers envolvidos no caso do Hezbollah nunca estiveram no país.
A DW informou que o registro da BAC Consulting indica envolvimento em atividades que vão desde a fabricação de dispositivos médicos até a extração de gás natural e petróleo.
A CEO da empresa disse à rede de TV americana NBC que a BAC trabalha com a Gold Apollo, mas que não tem relação com a fabricação de pagers.
“Sou apenas uma intermediária. Acho que você entendeu errado”, disse Cristiana Barsony-Arcidiacono.
Cristiana entregou o apartamento onde morava em Budapeste na quarta-feira (18), segundo um vizinho. Ela parou de responder solicitações da imprensa internacional.
Uma fonte de segurança libanesa disse à Reuters que o Hezbollah acreditava que tinha comprado os pagers diretamente da Gold Apollo e que eles seriam produzidos na Ásia.
Empresa búlgara
Prédio sede da empresa búlgara Norta Global, em Sófia
Alexander Detev/DW
De acordo com o site húngaro Telex, a BAC estava em contato direto com a empresa búlgara Norta Global. A reportagem afirmou que os pagers foram distribuídos pela Norta, e não pela BAC.
Já a agência Reuters informou que a venda dos pagers foi facilitada pela Norta Global. Segundo a DW, as autoridades da Bulgária disseram que nenhuma operação alfandegária relacionada aos pagers foi identificada.
A DW também foi ao endereço registrado como sede da companhia na capital da Bulgária, Sófia, mas ninguém foi encontrado. Vizinhos disseram que apenas um advogado frequenta o escritório.
Segundo a emissora alemã, quase 200 empresas estão registradas no endereço fornecido pela Norta. As autoridades búlgaras estão investigando o caso.
O fundador da empresa, Rinson Jose, vive na Noruega. À Reuters, ele se negou a responder sobre os pagers e desligou o telefone quando foi questionado sobre o negócio na Bulgária.
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O ataque
Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers
A onda de explosões de pagers durou cerca de uma hora e começou por volta das 15h30 de terça-feira, pelo horário local (9h30, em Brasília). Entre os mais de 2.700 feridos, cerca de 400 foram socorridos em estado crítico.
A Cruz Vermelha Libanesa afirmou que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar as vítimas.
Testemunhas informaram que várias pessoas sofreram ferimentos na cabeça, nas mãos ou na região da cintura.
O governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal iraniana Irna.
Segundo o jornal “The New York Times”, autoridades informaram que Israel alterou um lote de pagers encomendados pelo Hezbollah.
As autoridades disseram que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria de cada pager, junto a um interruptor, permitindo que os dispositivos fossem detonados remotamente.
Os equipamentos receberam uma mensagem que parecia ter vindo da liderança do Hezbollah, o que pode ter induzido os usuários a se aproximarem ou manusearem os equipamentos.
A mensagem “falsa”, no entanto, ativou os explosivos.
Na quarta-feira (18), walkie-talkies do Hezbollah também explodiram.
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