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G20 no futebol? Amistoso entre São Cristóvão e Rússia tem acidente diplomático e pedido para Putin

G20 no futebol? Amistoso entre São Cristóvão e Rússia tem acidente diplomático e pedido para Putin

Vitória da seleção russa sub-23 por 4 a 0 na Zona Norte do Rio de Janeiro tem presentes para torcedores, músicas para os russos e formação de “novo ídolo” Segunda-feira de feriado e calor no Rio de Janeiro é sinônimo de praia. Para alguns, a manhã foi de futebol. A cidade está mobilizada para o G20, que recebe os principais líderes mundiais. Um deles, Vladimir Putin, presidente da Rússia, não veio ao Brasil. Isso não foi um problema para a seleção sub-23 do país, que realiza amistosos no Rio. Na manhã desta segunda, os russos venceram o São Cristóvão por 4 a 0 na Zona Norte da cidade.
São Cristóvão x Rússia sub-23
Wandré Silva
A entrada gratuita no Estádio Ronaldo Luís Nazário de Lima trouxe um bom público para o evento. A maior parte dos torcedores na casa do São Cristóvão foi composta por jovens que aproveitaram o feriado para assistir ao amistoso. A arquibancada se uniu com músicas que provocaram os russos.
As canções, que no começo eram direcionadas contra os visitantes, foram acrescidas de uma criatividade ainda maior e renderam até pedidos inusitados ao presidente da Rússia. Putin, Haaland e Olaria foram alguns dos citados, mas o maior alvo foi Nikita Saltykov, camisa 25 da Rússia, que presentou um torcedor com a chuteira do jogo.
Acidente diplomático contornado por “russo carioca”
A tensão começou antes da bola rolar, mas não entre os jogadores. Houve um pequeno acidente quando as bandeiras de Rússia, São Cristóvão, Brasil e Rio de Janeiras foram colocadas no gramado. A bandeira russa foi colocada de cabeça para baixo, o que irritou a delegação visitante.
Quem ajudou a contornar a situação foi Sergio Andrade, morador de Copacabana que foi até o estádio para torcer pela Rússia. Já que Putin não veio ao Rio de Janeiro, o carioca, que aprendeu o idioma russo para conversar com professores do mestrado, colocou-se na posição de mediar o conflito entre o país e a Ucrânia.
– As relações internacionais vão ficar complicadas aqui. A moça ficou chateadaça, mas agora está tudo resolvido. Eu sei falar um pouco de ucraniano, então poderia ajustar – disse Sergio.
Sergio não estava sozinho. Torcedor do CSKA, ele estava com Rennan Rebello, dono do canal “Rússia em Português”. Flamenguistas no Brasil, os dois são “rivais” em território estrangeiro, já que Rennan é torcedor do Spartak. Em São Cristóvão, os cariocas torceram pela Rússia com direito a uniforme vermelho.
Rennan foi confundido com a delegação russa e virou celebridade. Depois do jogo, quando alguns torcedores pediram camisa e foto, ele respondeu com um português bem claro: “Eu sou de São Gonçalo, pô”. Sergio recebeu uma camisa de treino de presente.
Torcida do São Cristóvão no Estádio Ronaldo Luís Nazário de Lima para amistoso com a Rússia sub-23
Rafael Bizarelo
Diego Soeiro, morador de São Cristóvão e torcedor do Vasco da Gama, não aprovou a torcida pelos adversários, mas tirou foto com os jogadores russos depois do jogo. “Expulso” de casa pela mãe no feriadão, ele foi com o irmão, Vinicius, para o estádio, e apoiou o Tóvão até o fim.
– Feriado, nada para fazer… minha mãe meio que me expulsou de casa, então estou aqui. Moro a minha vida inteira aqui. Não pode (torcer para a Rússia). Hoje é São Cristóvão.
Família russa
Além de Sergio e Rennan, outros “russos cariocas” também estavam do lado visitante. Um pequeno menino loiro corria pela arquibancada do estádio com provocações aos torcedores do São Cristóvão. David, de 12 anos, estava acompanhado do pai, Igor, e comemorou todos os gols com muito entusiasmo. Os dois são naturais de Moscou, capital da Rússia, e moram no Brasil desde 2019.
Botafoguense, David joga no campo do São Cristóvão de meia. O pai é torcedor do Flamengo aqui no Brasil. Eles estão no Rio de Janeiro desde março, e o motivo, para Igor, é um só: a praia.
– Sou contratado do Ais Football, que é aqui do São Cristóvão. Quatro anos anos que moro aqui já… mudamos para cá esse ano. Moramos em Floripa antes. (O calor) é normal – disse David.
Na hora do primeiro gol da Rússia, em cobrança de pênalti, David não se intimidou com os torcedores do São Cristóvão, comemorou e até provocou os adversários. Depois do jogo, o pequeno russo conseguiu fotos com os jogadores.
Ô Putin…
Sobrou até para o presidente da Rússia. Vladimir Putin decidiu não comparecer ao G20, encontro entre líderes mundiais realizado no Rio de Janeiro nesta semana. Isso não impediu que a torcida do São Cristóvão cantasse músicas direcionadas ao líder russo.
As músicas foram de “Ah, que bom seria se o Putin acabasse com o Olaria”; “Vodka é o c*, eu prefiro caipirinha”; “Doutor, eu não me engano! Esse juiz é ucraniano”; “O meu G20 não precisa de você”; “Olha que miséria, vai sair de São Cristóvão direto para Sibéria”.
Ídolos e “coração dividido”
Três jogadores estiveram presentes nos cantos dos torcedores do São Cristóvão durante a partida. Um deles foi o goleiro Mimito, da equipe da casa, que saiu no segundo tempo enquanto o jogo estava 2 a 0. Aclamado pela arquibancada por boas defesas, ele revelou uma conversa em inglês com os russos.
– Eu só meti “yes, mi friend (sim meu amigo)”. Eles entenderam. Família São Cristóvão, torcedores, nossos amigos internautas, muito obrigado a cada um de vocês – disse o goleiro Mimito, que usava uma ushanka, gorro russo emprestado por um torcedor.
Do lado russo, o camisa 19 foi chamado de Haaland pela semelhança com o craque do Manchester City e da Noruega. Ele retribuiu o carinho dos torcedores, que fizeram convites para ele jogar no Flamengo e no Vasco.
Mimito e “Haaland” estavam nas músicas dos torcedores, mas Nikita Saltykov foi a grande estrela da partida. Autor de duas assistências, o camisa 25 da Rússia já era cotado como craque na arquibancada. Francisco, que saiu de Niterói e atravessou a ponte para assistir a partida, disse que viu o jogador nos amistosos da Rússia contra Fluminense, Botafogo e Paraguai.
Saltykov estava no banco, e o contato começou no intervalo, quando os reservas aqueciam no gramado. Ele pediu que os torcedores cantassem o nome dele, e a arquibancada uniu-se em alto em bom som cantando o sobrenome do russo. Depois, para a alegria de Francisco, o camisa 25 entrou em campo.
Nikita Saltykov, da Rússia sub-23, dá as chuteiras para torcedor do São Cristóvão
Rafael Bizarelo
O flamenguista Francisco começou a pedir Saltykov no Rubro-Negro, e disse que Nikita seria o “novo Petkovic”. A alegria virou “preocupação” logo depois, quando o jogador sofreu falta e recebeu atendimento fora de campo. Ele voltou a tempo de marcar de contribuir com duas assistências.
– Tentaram lesionar ele. Tentaram parar a besta enjaulada. Coração divide – disse Francisco, que começou a rir logo depois.
Francisco não recebeu o presente do novo ídolo. Ele ficou contente com uma foto com Saltykov, que tirou foto com ele e outros torcedores. Nikita tirou as chuteiras e deu de presente para um torcedor. Santiago, o dono da ushanka, foi quem recebeu a chuteira do russo.
Santiago, torcedor do São Cristóvão, recebeu a chuteira de Nikita Saltykov, da Rússia
Rafael Bizarelo
Nikita Saltykov tem 20 anos e joga pelo Lokomotiv, um dos maiores clubes da Rússia. Em entrevista depois da partida, o camisa 25 disse que foi a primeira vez dele jogando em um estádio que os carros passam “por cima” – a casa do São Cristóvão está localizada ao lado do Elevado Professor Engenheiro Rufino de Almeida Pizarro.
– Já tinha vindo para São Paulo no ano passado. É a primeira vez do Rio, e fomos ontem ver o Cristo Redentor. Estava meio cheio, mas aproveitamos bem. A praia é incrível. Vimos as pessoas jogando futebol e todos os tipos de esporte – falou o camisa 25.
O calor não impressionou tanto Saltykov, mas o jogador admitiu que enfrentou uma certa dificuldade no jogo desta segunda-feira. O carinho da torcida tirou o sorriso do rosto de Nikita.
– As pessoas aqui (no Brasil) amam futebol. Os torcedores são ótimos, especialmente desse time. Eles começaram a torcer para mim imediatamente. A interação com os torcedores foi ótima, e fiquei muito feliz quando escutei meu nome ser cantado. Foi muito legal e gostei muito – completou Saltykov.
O jogo terminou com vitória da Rússia sub-23 por 4 a 0 com três gols de Kirill Nikishin e um de Alexsandr Koksharov. Caso o país pudesse disputar os Jogos Olímpicos e se classifica-se para a competição, essa seria a equipe disponível para atuar. Antes, o russos atuaram com Fluminense, Botafogo e Paraguai. geRead More

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