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Ao retirar time de campo, Grêmio lembra que show não pode continuar em casos de racismo

Ao retirar time de campo, Grêmio lembra que show não pode continuar em casos de racismo

É desumano pedir que a vítima siga nos divertindo no centro do palco onde sofreu uma agressão. O jogo precisa parar Confusão generalizada e suposto caso de racismo contra o gandula no River Plate x Grêmio.
O Grêmio retirou o time de campo antes de a arbitragem encerrar a partida contra o River Plate, nesta sexta-feira, pela Ladies Cup, torneio de futebol feminino disputado no estádio Canindé, em São Paulo. Uma confusão havia tomado conta do gramado após o gol de empate gaúcho. Ao menos uma agressão racista foi registrada em vídeo: Candela Díaz, jogadora do time argentino, imitou um macaco na direção de um gandula.
A técnica do Grêmio, Thaissan Passos, disse ao sportv que o ato não foi isolado. Segundo ela, atletas do River Plate já haviam chamado jogadoras do Grêmio de “macaca” e “negrita”. “Para a gente, não tem condições nenhuma de jogo”, disse a treinadora.
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O Grêmio realmente não voltou ao jogo, e nem teria como: com seis expulsas, o River não poderia seguir em campo – não tinha o mínimo de atletas exigido pela regra. De qualquer forma, o gesto de retirar o time de campo aconteceu antes de a partida estar encerrada pela arbitragem. E isso merece elogios.
A atitude do Grêmio nos lembra que o jogo não pode ser maior do que uma agressão racista. Adoramos esse esporte, mas quando ocorre uma violência tão grotesca, o jogo precisa parar.
Jogadora do River Plate imita macaco para gandula
Reprodução
Cabe a ele, ao jogo, com seus recursos (arbitragem, câmeras), identificar o racista e retirá-lo de cena. Se não for possível, é preciso que atitudes como a do Grêmio sejam repetidas: é preciso se retirar.
Roger Machado, técnico do Inter, uma brilhante voz antirracista, costuma ser aconselhado a não ficar falando disso, a focar mais no futebol – como se uma coisa impedisse a outra. Vini Jr., estou convicto, teria vencido a Bola de Ouro se tivesse escolhido o silêncio nas agressões racistas que sofre de forma recorrente – o brasileiro foi o mais votado na África, na América e na Ásia, mas teve menos de um terço dos votos de Rodri na Europa (que coincidência).
Isso tudo é uma tentativa de sobrepor o espetáculo ao racismo. É desumano exigir que a vítima siga no centro do palco onde sofreu uma agressão – que continue nos divertindo, que o show continue. O jogo precisa parar, o agressor precisa ser punido (defendo que o clube também seja penalizado com perda de pontos em casos de agressão coletiva cometida por torcedores ou profissionais), leis precisam sustentar essas punições.
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Há evoluções. A CBF, no ano passado, estabeleceu regras mais claras para sanções em casos de racismo (e outras discriminações), incluindo a perda de pontos – que precisaria, porém, ser avalizada pelo STJD. A Fifa, este ano, informou que exigirá a inclusão, nos códigos esportivos das federações nacionais, de “sanções próprias e severas” contra o racismo – incluindo o encerramento do jogo e a aplicação da derrota ao time dos agressores.
É um começo. Mas uma mudança mais profunda exigirá a participação ativa das duas personagens que mais importam no futebol (ou das duas únicas que importam, como costuma dizer o técnico/diretor Paulo Autuori): o jogador e o torcedor. geRead More

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