Não fiz nada demais, diz sul-coreana que conteve ofensiva de militares durante lei marcial
Ahn Gwi-ryeong, ex-jornalista e porta-voz de partido, foi filmada colocando a mão na frente do fuzil de um militar na porta do Parlamento, em Seul, logo após o presidente do país decretar a lei marcial, que foi derrubada depois. Sul-coreana que enfrentou militares armados disse que não fez nada demais
Diante da multidão que foi à porta do Parlamento da Coreia do Sul logo após o presidente anunciar uma polêmica lei marcial no país na terça-feira (2), uma cena chamou a atenção: uma mulher, indignada com militares enviados para barra a entrada no Parlamento, colocou a mão sobre o fuzil de um dos militares, gritou com ele e empurrou o soldado, que então recuou.
A cena foi registrada por parte da imprensa que acompanhava as horas de tensão entre o anúncio da lei marcial e sua derrubada por parlamentares em votação emergencial, e a mulher tornou-se, instantaneamente, um símbolo do momento histórico na Coreia do Sul.
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A jornalista Ahn Gwi-ryeong, no momento em que segura o fuzil de um soldado e o empurra durante manifestações em Seul após presidente da Coreia do Sul declarar lei marcial no país, em 4 de dezembro de 2024.
Reprodução/ g1
Nesta quinta-feira (5), a manifestante, identificada como Ahn Gwi-ryeong, falou com a agência de notícias Reuters e disse não ter feito nada demais.
“Houve pessoas que até conseguiram parar veículos blindados do lado de fora. Então, não acho que minhas ações foram particularmente especiais”, disse Ahn em entrevista à Reuters.
Ahn é uma jornalista de 35 anos que trabalha com porta-voz do Partido Democrata, a sigla de oposição que vem enfrentando o governo de Yoon Suk Yeol, o presidente que anunciou a lei marcial e que, agora, virou alvo de impeachment.
À Reuters, ela disse não se achar corajosa.
“Meu único pensamento era que eu só precisava detê-los. Eu os empurrei para longe, sacudi-os e fiz tudo o que pude”, afirmou. Na entrevista, ela contou que estava com medo e sentiu que era perigoso, mas “muitas pessoas estavam lutando contra as tropas da lei marcial, então pensei que também tinha que detê-los”.
O vídeo dela confrontando o soldado se tornou viral nas redes sociais e foi visto mais de 1,2 milhão de vezes até a quinta-feira só no YouTube. “Solte! Você não se sente envergonhado?”, disse Ahn ao soldado, na cena registrada pela imprensa.
Questionada se sabia que isso ganharia tanta atenção, Ahn disse que não fez nada demais e que “houve muitas pessoas mais corajosas”.
A jornalista sul-coreana An Gwi-ryeong, porta-voz do Partido Democrata, durante entrevista à agência de notícias Reuters, em 5 de dezembro de 2024.
Kim Hong-Ji/ Reuters
Enquanto os legisladores se reuniam na terça-feira para votar uma medida barrando a lei marcial, seus assessores bloquearam as entradas com móveis, formaram paredes humanas e borrifaram extintores de incêndio nas tropas.
Em apenas duas horas e meia após o presidente declarar lei marcial, 190 legisladores foram até o parlamento e votaram unanimemente para bloqueá-la.
O comandante das tropas da lei marcial disse na quinta-feira que não tinha intenção de empunhar armas de fogo contra o público. O vice-ministro da defesa do país afirmou que nenhuma munição real foi fornecida às tropas.
Os legisladores da oposição sul-coreana planejam votar neste fim de semana para impeachment do presidente.
“Acho que o povo já fez um impeachment psicológico do presidente Yoon Suk Yeol”, disse Ahn. “Quem poderia confiar em um presidente declarando lei marcial quase como uma criança brincando ou confiar a nação a tal liderança?”
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