Presidente projeta Grêmio competitivo em 2025 e garante margem para investimento
Confira trechos da entrevista exclusiva de Alberto Guerra ao ge Presidente projeta Grêmio competitivo em 2025 e garante margem para investimento
Ainda sem o anúncio do novo técnico, o Grêmio trabalha nos bastidores para organizar a próxima temporada. O presidente Alberto Guerra promete um time competitivo para 2025 e garante que o clube tem margem para fazer investimentos no mercado. Após dois anos, o dirigente entende ter avançado na profissionalização do Tricolor.
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Guerra abriu o gabinete da Arena para uma série de entrevistas e recebeu o ge e a RBS TV para tratar da recente busca por um novo técnico e do trabalho para o próximo ano. O presidente coloca o octacampeonato gaúcho como “obsessão” para 2025. O Grêmio nunca teve oito títulos estaduais seguidos na história.
– Em 2025 o que eu poderia dizer é que vamos ter sim um time muito competitivo, vamos ter um time forte, brigando por títulos. Especialeente, estamos trabalhando 24 horas por dia e já pensando no octacampeonato gaúcho, que é uma obsessão nossa – apontou Guerra.
Alberto Guerra, presidente do Grêmio
Reprodução/Jordan Romano/RBS TV
Confira trechos da entrevista:
O que é possível detalhar da busca pelo novo técnico e o acerto com Gustavo Quinteros?
Não vou falar em nomes, nunca falamos antes de assinar o contrato. O que posso dizer é que desde o dia que se tomou, junto com o Renato, a decisão da saída dele, especialmente da parte dele, estamos trabalhando 24 horas na busca do treinador. Desde uma análise de perfil, entrevistamos bastante nomes. Com alguns, iniciamos negociações, e o que posso dizer é que temos uma negociação em andamento. Não tenho por que não confiar na palavra deste treinador, que já empenhou ao Grêmio, um documento assinado. A questão de anunciar publicamente tem algumas questões formais, de documentação, e também atendendo a questões pessoais deste treinador.
O que o Grêmio buscou e encontrou neste técnico?
O que buscamos primeiro, como característica, de ser um futebol propositivo, construtor, com velocidade e intensidade. Uma outra característica que na nossa reunião do Conselho de Administração, quando traçamos o perfil: que preferencialmente tivesse trabalhando no Brasil, porque tem uma possibilidade de se adaptar melhor, por conhecer os jogadores e os adversários. Não quer dizer que quem não esteja aqui não possa se adaptar rapidamente. Foi uma característica também. Vamos pesando, alguns que não têm uma (característica), mas têm outras melhores. E vamos avançando nas negociações.
Veja a entrevista completa de Alberto Guerra, Presidente do Grêmio, no Seleção sportv
Neste cenário, como foi o processo e como o Grêmio viu a negociação com o Pedro Caixinha?
Primeiro, a gente buscou o perfil. Fizemos um trabalho muito bem feito pelo Luís Vagner (Vivian, executivo), pelo Fernando Lázaro (coordenador de Análise e Desenvolvimento), pelos scouts, que apresentam dados concretos das últimas temporadas dos treinadores pesquisados. Quando a gente elege determinadas pessoas, a gente entrevista. Foi entrevistada uma boa quantidade. É uma conversa, entender a situação deles, da carreira, interesses, eventualmente uma possibilidade, serve para algumas eliminações. Treinadores que têm outros projetos, outras ideias.
Quando efetivamos a negociação com alguém, no caso do Pedro, o treinador estrangeiro é um pouco mais dificultoso, é difícil entenderem as regras trabalhistas e fiscais do Brasil. Algumas exigências, às vezes não é questão de dinheiro, é de precedente, é difícil de gerir contratos com determinadas regras. Todos os outros jogadores depois podem querer. Talvez não seja legal, teria que mudar muita coisa estruturalmente no clube. Um caso concreto: as negociações estavam avançando, diria que só faltava assinatura, mas deve ter recebido uma proposta mais vantajosa e optou para ir para aquele lado (Santos).
O Grêmio se direcionou para um treinador estrangeiro. Foi uma busca de mudar o que o Grêmio vinha fazendo?
A busca não é por um treinador estrangeiro. É por característica, por perfil, do que está disponível no mercado. A intenção não é o fato de não ser brasileiro. É por característica, até porque conversamos com treinadores brasileiros. E nesta análise, dos projetos de cada um, das eliminações, a gente avançou com outros nomes. A nacionalidade é o que menos importa.
Mas é um movimento diferente para o próprio Grêmio…
A gente já conversava aqui, estávamos há muito tempo em passagens com o Renato, acostumados com o modo de trabalhar, alternava com o próprio Roger. São poucos treinadores que fugiram destes dois nomes. Estamos também nos adaptando a isso e esperando poder acertar.
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Vai ser o ano de maior ruptura, de profissionalização, de novo formato?
Eu acho muito forte a palavra ruptura. Acho que estamos avançando, construindo com pessoas diferentes, o que é normal em qualquer empresa. Se pegar desde o início, como começamos, os jogadores, o trabalho desenvolvido pelo Renato até sua saída, o que a gente pretende é dar continuidade, não é ruptura. É normal no futebol, que é esse moedor de carne, que a gente tenha que encerrar ciclos. Como foi o caso do Renato, que achou por bem dar o seu tempo, descansar. E acho que precisava mesmo. Significa continuidade com outras pessoas, com outra cabeça. Estamos procurando um treinador que tenha características que o Renato também tinha.
As mudanças na comissão permanente já foram pensando no próximo técnico ou foi uma avaliação interna?
Todos excelentes profissionais, trabalhei com eles dois anos e até em outros períodos. Quando sai a comissão técnica, é importante que se abra esse espaço. Provavelmente o novo treinador traga a sua comissão. Mas isso não impede a gente de ter profissionais da nossa, como anunciado o Rogerinho (Rogério Dias, preparador físico), como no meio do ano trouxemos o James (Freitas, auxiliar técnico). Temos primado pela profissionalização, insisto. Está longe do ideal, sou exigente, mas acho que avançamos muito nesta questão. Se pegar o Luis Vagner, trazendo o Lázaro, o grupo de scout, já dá para ver as janelas feitas com esse grupo. O nosso auxiliar permanente (James Freitas), Rogerinho, todas as áreas, inclusive na Arena. A área de saúde e performance, só o fato de ter mudado a lógica do departamento médico para esse perfil já é significativo nos padrões e funcionamentos do CT, independentemente de nomes. Estamos trabalhando, fechamos agora dois anos. Em qualquer empresa, o trabalho que se projeta no mínimo são três anos. Acho que a gente avançou muito em dois anos. Isso falando do futebol masculino profissional, que entendo, é o carro-chefe. Mas se falarmos no futebol feminino, nas categorias de base masculina e feminina, houve um grande avanço.
Tem algum prazo para a questão do técnico ser definida?
Não gostamos de trabalhar com prazo. Preciso respeitar a palavra do treinador, que já se comprometeu com o Grêmio, um aceite à proposta que foi dado, não tenho por que duvidar. Não trabalhamos com prazo, mas gostaríamos de anunciar o mais rápido possível. A questão externa a gente procura administrar, sabemos que o torcedor fica ansioso, mas a gente está fazendo o máximo para anunciar o quanto antes, preservando a relação com o treinador. Pediu um tempo para resolver questões particulares e temos que respeitar.
O treinador já participa do processo para o próximo ano?
Minimamente, já houve algumas conversas de trabalho, passar o elenco, estudar, ver o que precisa, sim. Mas obviamente tem coisas que não dá para avançar enquanto o contrato não estiver assinado. Queremos resolver essa questão nos próximos dias para resolver e começar os trabalhos.
Alberto Guerra, presidente do Grêmio
Eduardo Moura
Diego Costa, Reinaldo e Rodrigo Caio ficam?
A gente precisa escutar o nosso treinador em relação a isso. São questões importantes de envolver a comissão nova para que a gente tome uma decisão.
Até onde o Grêmio pode ir nos movimentos no mercado para o próximo ano?
O Grêmio, como a maioria dos clubes associativos, não tem mecenas por trás. A gente tem muito definidas as receitas no ano, muitas vezes gastamos a mais do que poderia para ser competitivo, sabendo que somos vendedores e em algum momento alguém tem que ser vendido para que a conta feche. Mas temos no orçamento um valor bom para ser gasto ao longo de 2025 para aquisição de novos reforços, e que pode ser modificado em função de novas receitas para o clube. Mas temos um bom valor já definido e que pretendemos usar ao longo do ano.
O senhor citou os movimentos da última janela. A linha a ser seguida é mais ou menos a da última janela, com investimentos em jovens?
Mas na última teve os dois: o Braithwaite, um jogador experiente, e teve os jovens. Acho que esse é o caminho, uma mescla, alguns jogadores cuja performance tenha que ser imediata, e outros que pode ser imediata, mas pela idade pode demorar mais para se ambientar. Fomos muito felizes porque mesmo os jovens se adaptaram rapidamente e conseguiram entregar um bom futebol.
Tem que vender também, né?
Tem que vender. Não temos proposta na mesa por nenhum dos nossos jogadores. O clube continua ainda deficitário ao fim do ano. Estamos baixando do que pegamos, e a ideia é entregar zerado no último ano. Diria que, primeiro, não é algo que controlamos. Vem a proposta de terceiros, o Grêmio não sai oferecendo jogadores à venda. Pode acontecer, mas é difícil pelo prazo deste ano. Acho muito difícil este ano. Não é uma questão de necessidade agora, nesta janela, vamos colocar assim. No início de 2025, eventualmente daria para segurar, mas é uma questão de mercado. Ter a proposta, ser boa para o clube e o atleta, e aproveitar a oportunidade. Porque talvez não aconteça de novo.
Na Argentina até se falou em seis reforços para o próximo ano. Vocês buscam quantos reforços?
Eu não gosto de botar número de reforços, temos uma limitação no nosso elenco de número de jogadores. Até de local no vestiário, interesse do treinador que trabalham com grupos enxutos e outros maiores. E temos questões de saídas confirmadas. Fabio e Geromel, por exemplo. Há necessidade de reposição, até pelo número. O resto a gente vai conversando e as oportunidades de mercado. Não adianta contratar por contratar, só para agradar o externo. É o que encaixe no bolso do Grêmio e que venha resolver nossos problemas e nos ajudar.
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Setor defensivo é prioritário? Nomes como o João Lucas (ex-Juventude) e o Marlon (Cruzeiro) são nomes pretendidos?
Diria que sim (é prioritário), pelo fato de dali ter as saídas já confirmadas. A gente tem que ter um olhar mais atento. Entendo e faz parte, mas não falo em nomes enquanto não anunciar.
A questão do uso da base pode virar um diferencial no mercado que hoje está muito valorizado com as SAFs?
Diria que tem SAF com dificuldade financeira também, o valor prometido tem que se virar. Mas sempre confiei que a base é o arrimo, é o que ajuda o Grêmio não só nas competições, a disputar títulos, mas também na venda para colocar o dinheiro e equilibrar as contas. Claro que são meninos, são muito jovens, tem que ter calma, que entrem devagarinho para não queimar um ativo como a gente já viu.
Então, o mais importante é que a gente tenha. De novo, me lembrando do time que nós pegamos no final de 2022 e agora, fico muito contente em ver uma série de jogadores da base, a idade deles, a experiência que eles já têm, os resultados que nós tivemos na base ao longo do ano. Tenho certeza que teremos um caminho de grandes jogadores num futuro próximo.
Fazendo o link com o mercado, essa situação que a gente está vendo de valores gastos. Como o senhor vê o Grêmio nesse contexto?
O Grêmio tem sofrido com esse contexto, né? Porque se pegar alguns anos atrás, existiam alguns clubes que não competiam com o Grêmio em nível de investimento. E hoje tem alguns clubes, quatro ou cinco até, que tem agora, em função de SAFs e de investimentos, o mesmo nível de investimento ou maior. Se estão acertando ou não, aí é outra história também. Mas isso faz com que tenha uma escassez de jogador no mercado, porque existem mais opções, e na escassez aumenta o preço. Há um leilão até, então faltam algumas posições e aí os clubes brigam e pagam mais para ter. Isso a gente tem que ter muito cuidado, porque aqui ao menos a gente tem sido muito diligente com as coisas do Grêmio. Já estamos vindo de momentos deficitários e a gente quer equilibrar essas contas. E pra qualquer profissional a gente não entra em leilão. Então a gente sempre procura trabalhar com um projeto, mostrar para jogador, treinador ou qualquer outro funcionário que, muito embora o Grêmio pague bem, aqui a gente quer quem queira vir para cá mesmo. E não seja dinheiro a condição.
E às vezes parece clichê, mas também ser criativo, né? Buscar jogadores como o Braithwaite…
Sim. Mas são altos investimentos também, não é… Não pensa que indo lá é diferente daqui. O investimento é muito alto também. Então, hoje cada vez mais essa globalização… Está normal. Como dizia uma matéria do The Economist, a liga do Brasil aqui talvez vai se tornar a próxima Premier League. E justamente com os valores crescendo, se torna atrativo para jogadores também de outros países virem para cá, com grandes estádios depois de Copa do Mundo, grandes clubes, grandes times, acaba sendo uma liga muito interessante, até por uma experiência de vida. Tem atletas que vêm para cá e, apesar de terem um custo bastante alto, eles não vêm pelo dinheiro, né? Porque teriam esse dinheiro lá fora também. Eles vêm por uma experiência de jogar numa liga como a brasileira.
O Conselho Deliberativo precisa debater ainda o assunto, mas como o Grêmio entende como instituição a possibilidade de virar SAF?
Eu tenho participado muito dessas conversas ao longo desse ano. Eu senti um crescimento positivo da compreensão disso dentro do âmbito dos conselheiros, dos torcedores, de que a gente precisa achar uma forma estruturada de alavancar o futebol para se tornar competitivo, porque os investimentos realmente estão cada vez ficando muito distantes de alguns clubes para o Grêmio. Não acho que dinheiro seja tudo, mas ajuda, tem uma frase que “nem todo mundo que investe ganha, mas quem ganhou, investiu”. Então, tem vários clubes que investiram forte esse ano, mas só um ganhou deles. Cada vez é mais raro alguém que não investiu, ou investiu muito menos, vai lá e vai ganhar, vai ser alguma coisa ocasional. Então, tem que manter uma constância de investimentos que os títulos chegam. Obviamente que a situação da tabela não nos permitia muito continuar com esse tipo de conversa, mas a gente aqui, ao menos no nível do Conselho de Administração, nós estamos muito bem informados e mais ou menos, eu poderia dizer, já sabemos o que queremos para o Grêmio. Esse debate oportunamente tem que ser levado ao Conselho Deliberativo para que se tome uma decisão mesmo do que a gente quer fazer aqui para o futuro do Grêmio.
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