Rosamaria celebra 2024 e mira Los Angeles 2028 com equilíbrio e força
Jogadora brilha no Japão, conquista bronze em Paris e reflete sobre o futuro Aos 30 anos, Rosamaria Montibeller vive uma fase marcante na carreira: maior pontuadora da liga japonesa, medalhista olímpica em Paris e inspiração para a torcida brasileira. Agora, ela projeta novos desafios rumo a Los Angeles 2028.
Rosamaria foi medalhista de bronze nas Olimpíadas de Paris 2024
Miriam Jeske/COB
Em entrevista exclusiva ao ge, a jogadora que nasceu em Nova Trento (SC), fala sobre suas experiências vivendo e jogando no Japão e os desafios da barreira linguística e da solidão, e como a cultura japonesa influenciou sua performance e equilíbrio emocional.
Uma das jogadoras de vôlei mais populares entre os fãs brasileiros, também respondeu sobre a relação com a torcida, além de analisar as perspectivas para os próximos ciclos olímpicos e competições internacionais.
Adaptação ao Japão
Jogando no Japão desde 2023, a principal barreira para Rosamaria no começo foi a solidão, intensificada pela dificuldade com a língua japonesa. No segundo ano, ela já se diz mais familiarizada e já aprendeu a se comunicar com as companheiras. Mesmo assim, a falta de fluência ainda a impede de participar plenamente das conversas.
— Às vezes as pessoas ao seu redor estão em uma roda de conversas, e se você não tem uma tradução, você acaba não sabendo o que as suas companheiras estão falando, eu não sei sobre o que elas conversam entre elas, então você acaba tendo um pouco de dificuldade de ler as pessoas — comenta.
A experiência no Japão tem impactado positivamente o desempenho de Rosamaria em quadra. Ela destaca o aprendizado com a positividade e paciência das jogadoras japonesas, características que a auxiliaram em momentos decisivos, como nas Olimpíadas de Paris.
— O vôlei japonês e as meninas aqui me ensinam todos os dias, de como ser muito positiva. Nossa, isso é uma coisa que me impressionou! Eu já reparava nisso jogando contra o Japão, elas estavam sempre sorrindo, errando e acertando, elas têm a mesma postura de apoio umas às outras, e de a continuar acreditando mesmo.
Relação com os fãs
Rosamaria foi a maior pontuadora da liga japonesa de vôlei
Miriam Jeske/COB
Rosamaria se mostra grata pelo apoio dos fãs brasileiros que a acompanham na V. League, mesmo com a distância e o fuso horário. As redes sociais são um canal importante para manter essa proximidade.
— Eu ainda fico impressionada como os brasileiros realmente madrugam para acompanhar e torcer, é muito gratificante. Temos a sorte que hoje em dia existem as redes sociais, que nos permitem estar perto de todos, mesmo longe, então sempre recebo muito carinho e tento retribuir de alguma forma — comemora.
Aliás, quem acompanha vôlei nas redes sociais sabe que é comum ver vídeos de Rosamaria em momentos de fúria e em momentos de fofura. “A mulher mais fofa e brava do mundo” – é assim que alguns fãs a definem. A jogadora acredita que essa dualidade faz parte da sua personalidade.
— Eu morro de rir com os edits, acho muito engraçado! Eu acho que isso é muito autêntico meu, eu acho que todos nós temos esses dois lados. Isso é uma característica minha, de não desistir e de ser uma jogadora agressiva nesse sentido. Mas não quer dizer que eu seja assim fora de quadra. Tenho uma personalidade que pode ser muito brava, mas ao mesmo tempo eu também tenho essa personalidade carinhosa e fofa, eu acho que todo mundo tem um pouco de tudo dentro de si — analisa.
Eficiência na temporada no Japão e futuro na seleção
No Japão, Rosamaria joga pelo Denso Airybees e está satisfeita com sua performance na temporada, especialmente após a vitória contra o Hisamitsu, onde marcou 36 pontos e foi eleita a melhor em quadra. Ela atribui seu sucesso à persistência e resiliência, características que aprendeu a valorizar no Japão.
— Realmente é aquele negócio de não desistir até que a última bola não toque no chão, principalmente no vôlei feminino. Aqui no Japão eu tenho visto que não dá pra bobear e não dá pra desistir também, não importa o placar.
Com sorriso, Rosamaria, a estrela da seleção brasileira de vôlei reflete sobre o passado e projeta um futuro de ouro
Wander Roberto/COB
Depois de um ano olímpico, com a conquista do bronze, a curiosidade sobre o futuro de Rosamaria na seleção é enorme. Ela tem o desejo de estar em Los Angeles 2028, mas reconhece a necessidade de equilibrar o trabalho duro com o descanso para preservar seu corpo ao longo do ciclo olímpico.
— Seria perfeito ter mais uma medalha olímpica, e se ela fosse de ouro seria melhor ainda para completar! Eu acho que esse ciclo vai ser bem longo, eu pretendo tentar descansar também em algum momento. Quero muito estar em Los Angeles, mas acho que para isso também o meu corpo vai precisar de uma folga ao longo desse tempo — finaliza.
*Pablo Brito é estagiário sob supervisão de Diogo Maçaneiro
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