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Que saudade de reclamar do futebol brasileiro

Que saudade de reclamar do futebol brasileiro

Com os Estaduais, volta o futebol no Brasil, com todos seus problemas, mas também com a emoção que só o pertencimento proporciona Veja alguns dos medalhões espalhados pelos estaduais 2025
Flagrei-me diante de um jogo da Kings League. É uma espécie de futebol de 7 que faz você se questionar se andou consumindo cogumelos mágicos sem querer. A quadra é preta, o número de jogadores varia ao longo da partida, tem um negócio chamado “pênalti do presidente” e em dado momento é arremessado um cubo gigante que dá a um time um poder extra – tipo o gol valer dobrado.
Achei divertido. Mas também me bateu um sentimento estranho: por que mesmo eu estou vendo isso? Seria abstinência? Seria a mente tateando na escuridão em busca de alguma substância que substituísse aquilo que me faz falta? Estaria eu com saudade do… futebol brasileiro?
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Volta neste sábado, com o começo de alguns Estaduais, o futebol no Brasil. A reboque, vem tudo aquilo que já conhecemos: um calendário insano, arbitragens atrapalhadas, treinadores dando chilique na beira do campo, dirigentes dando chilique nos microfones, torcedores brigando feito animais, goleiros sofrendo lesões misteriosas quando seus times estão ganhando o jogo – e até algumas novidades dos últimos anos, como jogadores levando cartões amarelos aos 49 minutos do segundo tempo sem motivo aparente.
Mas também vem tudo aquilo que amamos: a beleza, a surpresa, a reviravolta. E sobretudo a emoção – visto que é nosso, visto que faz parte do que somos.
Nesse período sem jogos no Brasil, houve futebol. O Real Madrid foi campeão mundial de novo, o Milan conseguiu uma virada épica contra a Inter de Milão, o City afundou em crise e iniciou uma recuperação, o Liverpool, time mais consistente da temporada, teve alguns tropeços. Mas nada disso me fez mandar mensagem no WhatsApp zoando algum colega de trabalho. Nada disso me fez ter vontade de ficar deitado em posição fetal até meu centroavante aprender a fazer aquela desgraça daquele gol.
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Uns anos atrás, um querido amigo foi morar no Rio. Todo dia, ele ia à mesma padaria e tentava entabular conversa com o balconista. Recebia, invariavelmente, um silêncio inviolável como resposta. Até que começou a observar em que situações o sujeito se prestava a conversar. E era sempre quando alguém falava sobre o Vasco. No dia seguinte, resolveu fazer o teste. “Pô, mas que porcaria o Vasco ontem, hein?”, soltou para o balconista. Conversaram minutos a fio.
Tendo a achar que o efeito seria diferente se fosse, sei lá, o Tottenham. Há quem consiga transferir para outros países e outros clubes a empolgação que sente diante do time de infância. Acho admirável – eu não consigo. Vejo, me divirto, acho bonito, até vibro, mas não é exatamente a mesma coisa. Preciso de certo pertencimento para me envolver de coração – preciso que algo importante para mim esteja em jogo.
Daí a saudade do futebol brasileiro, daí a saudade inclusive de reclamar do futebol brasileiro. Até porque nenhum goleiro sofre lesões misteriosas como os nossos.
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