Israel está acelerando anexação da Cisjordânia, diz chefe de direitos humanos da ONU

Relatório de agência da ONU afirmou que governo israelense tem expandido assentamentos ilegais em áreas da Cisjordânia, território palestino que faz fronteira com o leste de Israel. Vista de um dos 150 assentamentos judeus na Cisjordânia.
Amir Cohen/Reuters
O governo israelense expandiu e consolidou assentamentos na Cisjordânia ocupada como parte da integração constante desses territórios ao Estado de Israel, em violação ao direito internacional, afirma um relatório realizado pelo escritório de Direito Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado nesta terça-feira (18).
O relatório, baseado em pesquisas entre 1º de novembro de 2023 e 31 de outubro de 2024, diz que houve uma expansão “significativa” dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e cita informações de ONGs israelenses sobre milhares de unidades habitacionais planejadas em assentamentos novos ou existentes.
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As conclusões serão apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU neste mês, segundo a agência de Direitos Humanos.
A informações vem à tona em meio a temores crescentes de anexação entre os palestinos, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar, no início do ano, que tem a inteção de controlar a Faixa de Gaza após o fim da guerra — Gaza e Cisjordânia são os dois territórios reivindicados pelos palestinos para a criação de um Estado próprio.
“A transferência por Israel de partes de sua própria população civil para o território que ocupa equivale a um crime de guerra”, disse o alto comissário da ONU, Volker Turk, que pediu uà comunidade internacional que tome medidas significativas.
“Israel precisa cessar imediata e completamente todas as atividades de assentamento e retirar todos os colonos, interromper a transferência forçada da população palestina e prevenir e punir os ataques de suas forças de segurança e colonos”, completou ele.
O governo israelense ainda não havia se pronunciado sobre o relatório até a última atualização desta reportagem. No início do ano, Israel se retirou do Conselho de Direitos Humanos da ONU, alegando um viés anti-israelense.
Cerca de 700.000 colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, terras que Israel conquistou em 1967. A maioria dos países e a ONU consideram ilegais os assentamentos israelenses em território tomado em guerra.
Israel contesta isso, citando laços históricos e bíblicos com a terra.
O que é a Cisjordânia
Centenas de palestinos abandonam a Cisjordânia
A Cisjordânia é um dos dois territórios palestinos e fica entre Israel e a Jordânia. Junto com a Faixa de Gaza, é reivindicada por palestinos para a criação de um Estado independente.
Com quase o tamanho do Distrito Federal, a Cisjordânia é o maior desses dois territórios e, apesar de militarmente controlada por Israel, cerca de 86% da população local, ou 3 milhões de pessoas, são palestinos, segundo dados de 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Já a Faixa de Gaza, bem menor, é do tamanho de 10% do menor município brasileiro (Santa Cruz de Minas) e tem 2,1 milhões de habitantes.
No plano inicial da ONU de partilha de região entre judeus e palestinos, a Cisjordânia faria parte do Estado Árabe. Mas Israel tomou militarmente o território em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e construiu na região residências para judeus, concentradas em assentamentos que a ONU e a maioria dos países do mundo consideram ilegais.
Atualmente, há cerca de 150 deles, que abrigam cerca de 650 mil israelenses, a grande maioria deles judeus ortodoxos.
Há décadas, os dois lados tentam chegar a um acordo sobre a região, mas as negociações são frequentemente interrompidas pela violência de uma parte ou de outra.g1 > Mundo Read More