Da ginástica à natação: sergipana Helena Carrilho promete brilhar na Gymnasiade

Atleta começou no esporte pela ginástica rítmica, mas migrou para a natação e agora é uma das principais promessas do paradesporto sergipano Paratleta sergipana disputa Gymnasiade na Sérvia este mês
Acaso ou destino? O encontro entre a jovem nadadora Helena Carrilho e o treinador Ivan Secundo pareceu até coisa de cinema.
— Eu estava voltando do colégio, atravessando uma avenida, quando o professor Ivan me parou dizendo: ‘meu nome é Ivan, dou aula de paranatação’, e eu vi uma oportunidade, porque tinha acabado de sair da GR — conta Carrilho.
Com seis anos de idade, Helena praticava ginástica rítmica, quando foi pega de surpresa por uma notícia que fez com que ela abandonasse a modalidade.
— Aos oito anos, eu estava em um treino da GR sentindo dores. Minha família pensava que eram dores musculares pelo esforço físico, mas por meio de exames a gente descobriu que era osteossarcoma na perna e aí eu comecei o tratamento. Em 2021, eu tive que amputar e parei de fazer GR — revela.
Osteossarcoma é um tumor maligno que se desenvolve nos ossos, sendo mais comum em crianças e adolescentes.
— Foi complicado, mas desde pequena eu sempre fui muito forte em relação a isso. Eu vi muitos familiares meus ficando muito mal por conta disso, mas sempre levei de uma forma muito tranquila. Não tive problemas, como ficar mal por causa da minha perna — completa.
Helena Carrilho, nadadora
Arquivo pessoal
A transição de um esporte para o outro não teve muitos obstáculos como conta o professor Ivan.
— A Helena — apesar de ter vindo da ginástica rítmica, que tem o ponto forte da flexibilidade, que ajuda na natação, ela — já tinha uma noção de natação. A gente percebeu e foi lapidando isso, ajustando as coisas que precisavam ser ajustadas e logo depois ela estava voando na piscina do Oséas, lá no Siqueira Campos, e a gente conseguiu evoluir bastante porque ela tem uma cabeça muito boa, compreende as coisas muito bem, tem maturidade para ouvir e consertar os erros que a gente vai sinalizando para ela — afirma o treinador.
Aluna do nono ano do ensino fundamental, Helena foi convocada pela Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE) para disputar a Gymnasiade sub-15, que acontece entre os dias 4 e 14 de abril, na cidade de Zlatibor, na Sérvia.
— É muito gratificante para mim poder representar o Brasil, é a minha primeira convocação para longe. Fico muito feliz por ter sido chamada, venho treinando bastante para isso —celebra.
Helena Carrilho ao lado do treinador Ivan Secundo
Arquivo pessoal
— Eu quero apostar no mínimo em três medalhas de ouro, porque ela tem um talento muito grande. Quando ela disputou as Paralimpíadas em São Paulo, era uma briga terrível com o pessoal de lá e de Santa Catarina e a gente levava sempre as medalhas de ouro para o pódio — arrisca o professor Ivan.
Helena sabe que a jornada no paradesporto vai além das conquistas individuais. Para ela, a natação representa pertencimento e troca.
— Eu já estou me acostumando porque estou no paradesporto há muito tempo e é incrível um lugar com pessoas com a mesma deficiência que a sua porque você não se sente sozinho, você se sente acolhido, porque você vê pessoas te inspirando e você inspira outras pessoas também — finaliza. geRead More