Ferrari tenta reação após segundo pior início de ano no século

Equipe italiana demonstra bom ritmo nas corridas, mas sofre com estratégias e já está bem atrás da líder McLaren. Duas provas iniciais só não são piores que as de 2009 Calendário de 2025 da F1 tem 24 etapas, com GP de São Paulo
A Ferrari entra no GP do Japão neste fim de semana com uma missão: superar o início de ano conturbado e reagir no campeonato de construtores. A equipe conta com a badalada dupla formada por Lewis Hamilton e Charles Leclerc, mas encarou problemas nas corridas da Austrália e China e ocupa apenas o quinto lugar na tabela, com 17 pontos – mesmo número da Williams e perto de equipes como Haas e Aston Martin.
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Lewis Hamilton e Charles Leclerc no GP da China da F1 2025
Andy Hone/LAT Images
Com isso, a equipe tem, no século 21, o segundo pior desempenho após duas corridas disputadas. O único ano em que a equipe de Maranello teve um começo mais conturbado foi em 2009, quando a dupla formada por Felipe Massa e Kimi Raikkonen não pontuou nas duas primeiras provas.
Com um carro problemático, o brasileiro e o finlandês abandonaram a primeira etapa do campeonato daquele ano, na Austrália. Na disputa seguinte, realizada na Malásia, a prova foi interrompida após 31 voltas por causa da chuva torrencial; Massa ficou só em nono, e Raikkonen foi o 14º.
Naquela época, apenas os oito primeiros colocados pontuavam. Nas regras de hoje, a Ferrari teria feito um ponto nas duas primeiras provas de 2009 (já que a prova na Malásia teve apenas metade da pontuação devido à interrupção); ainda assim, longe dos 17 de 2025. Vale ressaltar que 12 dos 17 pontos deste ano foram obtidos em uma corrida sprint, que não existia na época.
Kimi Raikkonen durante o GP da Malásia de 2009
Getty Images
Por outro lado, o melhor início da equipe italiana neste século aconteceu em 2001, quando Michael Schumacher e Rubens Barrichello foram praticamente perfeitos. O alemão estreou vencendo na Austrália, com o brasileiro em terceiro lugar. Na prova seguinte, dobradinha da Ferrari com Schumi novamente na ponta.
O que aconteceu em 2025?
Apesar de ter um ritmo no nível das equipes no topo da tabela, a Ferrari conviveu com problemas estratégicos que atrapalharam nas duas primeiras provas.
A primeira corrida não foi boa para a Ferrari, que dividiu a quarta fila na Austrália: Leclerc saiu em sétimo, e Hamilton em oitavo. Com previsão de chuva forte em Melbourne, a equipe apostou em uma configuração de carro para a corrida com maior estabilidade, ao custo da perda de velocidade máxima.
No entanto, os pilotos largaram com pneus intermediários e a chuva, a princípio, não caiu, o que prejudicou a estratégia ferrarista. Após batida de Fernando Alonso, todos os 20 competidores foram aos boxes e colocaram compostos de pista seca. No entanto, algumas voltas depois da mudança, a água finalmente voltou a dar as caras na Austrália, e os carros retornaram aos boxes para recolocar os intermediários.
Lewis Hamilton chegou em décimo lugar no GP da Austrália da F1 2025
Mark Sutton – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
A Ferrari não conseguiu se antecipar às rivais na estratégia e perdeu a oportunidade de ganhar posições com as paradas. Pelo contrário: viu Hamilton se contentar com o décimo lugar, e Leclerc terminou apenas em oitavo. Com isso, a escuderia somou apenas cinco pontos na primeira prova.
Já a etapa chinesa teve a primeira corrida sprint do ano, e a Ferrari conseguiu demonstrar seu potencial na prova reduzida. Lewis Hamilton fez a pole e saiu com a vitória, enquanto Leclerc terminou em quinto lugar. Apesar disso, a disputa tem pontuação menor: o britânico somou oito tentos pelo triunfo, e o piloto de Mônaco conquistou quatro.
Lewis Hamilton celebra vitória na corrida sprint do GP da China de 2025
Bryn Lennon – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Na corrida principal, Lewis Hamilton e Charles Leclerc tiveram um desempenho aceitável e cruzaram a linha de chegada na quinta e sexta colocações, respectivamente. O resultado daria ao time italiano mais 18 pontos, o que deixaria a Ferrari apenas um ponto atrás da RBR na briga pela terceira posição.
Mas a Ferrari sofreu um baque depois da prova. A direção de prova convocou representantes da equipe e, depois de avaliação interna, decidiu desclassificar os dois pilotos da corrida em Xangai. O carro de Leclerc estava um quilo abaixo do peso mínimo permitido em regulamento.
O caso de Hamilton, por outro lado, teve a ver com a prancha (uma placa de madeira na parte de baixo dos carros) com espessura menor do que a exigida, o que pode indicar que o carro andou abaixo da altura regulamentar – isso pode impactar a pressão aerodinâmica do veículo e, consequentemente, o desempenho na pista.
Ferrari culpa estratégia e erro por desclassificações de Hamilton e Leclerc
Mecânicos da Ferrari empurram carro de Lewis Hamilton até o grid do GP da China da F1 2025
Mark Sutton – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Tentativa e erro
Erros de estratégia são o calcanhar de Aquiles da Ferrari em algumas ocasiões, e a equipe sofreu mais uma vez com isso na China, com configurações que resultaram em desclassificação dupla. Mas a situação vivida em Xangai não deve ser a única nesta temporada. Quem disse isso foi o próprio chefe de equipe, o francês Frédéric Vasseur:
– Sim (vai acontecer), isso com certeza. Você tem que distinguir entre a desclassificação por arriscar e a desclassificação por trapacear – disse o francês, em entrevista ao “L’Équipe”.
Lewis Hamilton e Fred Vasseur, chefe da Ferrari, no GP da China da F1 em 2025
Sam Bagnall/Sutton Images
A temporada de 2025 é a última da Fórmula 1 antes da introdução dos novos regulamentos técnicos e de motores, e a vantagem que a RBR tinha nos últimos anos ficou mesmo em 2024. Neste momento, a McLaren aparece ligeiramente à frente das demais equipes, com Ferrari, Mercedes e a própria RBR na perseguição ao time de Woking.
Mas com a curta distância entre as principais forças da F1, Vasseur acredita que os riscos são necessários para tentar obter uma vantagem, ainda que mínima.
– O objetivo do jogo da F1 é ir ao limite de todos os parâmetros, em qualquer lugar. Ganhar a última grama de peso, o último décimo de milímetro de prancha, chegar ao último milímetro de deformação de asa. Então é certo que, quanto maior a pressão, mais intensa é a luta, mais perto você precisa chegar desses limites e os riscos são maiores – acrescentou.
No circuito de Suzuka, a Ferrari terá a oportunidade de corrigir a rota e tentar encostar nas adversárias – a distância para a líder McLaren já é de 61 pontos. A prova no Japão acontece às 2h (horário de Brasília) do domingo (6), e o ge acompanha tudo em tempo real.
Infos e horários GP do Japão de Fórmula 1 2025
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