No Dia do Jornalista, veja 10 craques do microfone que viraram técnicos e vice-versa

Profissionais consagrados uniram os mundos da comunicação e do esporte no microfone João Saldanha, que completaria 100 anos, recebe homenagens do mundo do futebol
Jornalistas e profissionais do futebol, em especial os treinadores, vivem uma relação marcada por críticas, questionamentos e uma permanente tensão que por vezes parece distanciar esses dois mundos. Contudo, ao longo da história, sempre houve profissionais que transpuseram as diferenças que separam as duas atividades.
E não foram só técnicos que, após iniciarem à beira do gramado, passaram a se aventurar na imprensa esportiva, como comentaristas em programas e transmissões. Também houve figuras da comunicação que se arriscaram como treinadores.
Neste 7 de abril, Dia do Jornalista, relembre craques do microfone que viraram técnicos de futebol e vice-versa.
João Saldanha
Dos que trocaram a redação pelo banco de reservas, é o nome mais icônico. O jornalista gaúcho que fez carreira no Rio de Janeiro treinou o Botafogo de maio de 1957 a dezembro de 1959. No seu primeiro ano na função, conquistou o Campeonato Carioca com um time que tinha Nilson Santos, Garrincha, Didi e outros craques.
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João Saldanha foi técnico da Seleção Brasileira entre abril de 1969 e março de 1970
Gazeta Press
Na década seguinte, João Saldanha foi o nome escolhido para tirar o Brasil da crise que se estendida desde a Copa de 1966. Assumiu a Seleção em abril de 1969 e fez uma campanha de 100% de aproveitamento nas Eliminatórias para o Mundial do México. Ele foi demitido em março de 1970, dois meses antes do início da Copa.
Comunista declarado, Saldanha defendeu a versão de que sua saída tinha motivações políticas, já que o Brasil estava em pleno Regime Militar. O presidente da época, Emílio Garrastazu Médici, pedia, via imprensa, a convocação do centroavante Dario, do Atlético-MG.
Saldanha era contra e respondeu por entrevista: “Nem eu escalo minitério, nem o presidente escala time”, o que teria azedado de vez a relação intermediada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e seu presidente João Havelange.
Por outro lado, os maus desempenhos da Seleção também contribuiriam para a queda do “João Sem Medo”. Em março de 1970, o Brasil empatou um amistoso com o Bangu por 1 a 1 e fez dois amistosos com a Argentina, vencendo um, por 2 a 1, no Maracanã, e perdendo outro, por 2 a 0, no Beira-Rio. João Saldanha comentou a Copa do Mundo daquele ano pela Rádio Globo do Rio de Janeiro.
Ele morreu em 1990, aos 73 anos, em Roma, durante a cobertura da Copa da Itália pela TV Manchete, vítima de um enfisema pulmonar.
Washington Rodrigues
Comentarista da Rádio Globo, Washington Rodrigues foi convidado pelo então presidente do Flamengo, Kleber Leite, para assumir o time mais popular do país em 1995. A equipe tinha o chamado “ataque dos sonhos”, com Romario, Sávio e Edmundo.
Apolinho em treino do Flamengo em 1995
Reprodução / TV Globo
Foram 26 partidas, 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. O time de Apolinho – como ficou Washington ficou eternizado – ficou no 21º lugar no Campeonato Brasileiro, mas foi bem na Supercopa dos Campeões a Libertadores. O Flamengo venceu sete dos oito jogos disputados e acabou derrotado na decisão em duas partidas pelo Independiente – perdeu por 2 a 0 na Argentina e ganhou por 1 a 0 em casa.
Depois, Apolinho retornou ao antigo posto na crônica esportiva. Ele morreu em 15 de maio de 2024, aos 87 anos, vítima de câncer.
Luciano do Valle
Para fechar a trinca dos jornalistas que se tornaram treinadores, deixamos o futebol profissional para recordar a Copa Pelé, torneio de “masters” (jogadores aposentados), que teve a sua primeira edição em 1987. O narrador Luciano do Valle foi um dos idealizadores da competição, que reunia antigos craques da Seleção em partidas contra outros países. De promotor do evento, passou a treinador do Brasil, em um time que contava com nomes como Carpegiani, Rivellino, Jairzinho e Edu.
Luciano do Valle foi narrador da TV Globo, da Record e da Bandeirantes
Adir Mera / O Globo
Na primeira edição da Copa Pelé, o Brasil perdeu para a Argentina na final por 1 a 0. Mas Luciano do Valle não parou por aí. Ele seguiu no comando do time de veteranos nos mundiais de 1989, 1990 e 1991.
Luciano do Valle morreu aos 66 anos, em 19 de abril de 2014, vítima de um infarto. O profissional marcou época como narrador da TV Globo, Record e Bandeirantes, em uma carreira na qual se destacou não só pela locução de futebol, mas de outras modalidades esportivas.
Paulo Roberto Falcão
Ídolo do Inter e da Roma, Paulo Roberto Falcão tentou mergulhar na carreira de treinador, primeira da Seleção Brasileira, depois do Inter e do Japão. Porém, sem engrenar, passou à função de comentarista, onde é um dos ex-jogadores e treinador mais longevo. Começou na RBS TV, no Rio Grande do Sul, e depois passou para as transmissão nacionais da TV Globo. Saiu da função para assumir o Inter em 2011.
Último trabalho de Falcão em clube de futebol foi como coordenador técnico do Santos, em 2023
Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Carlos Alberto Torres
Campeão do mundo em 1970 com a Seleção Brasileira, como capitão e lateral-direito, Carlos Alberto Torres foi treinador de times como Fluminense, Corinthians, Náutico, Botafogo, Atlético-MG, entre outros de menor expressão e de fora do país. Depois de deixar o futebol – seu último trabalho foi no Paysandu, em 2005 – foi contratado como comentarista dos canais sport. Permaneceu na mídia até 25 de outubro de 2016, quando morreu aos 72 anos vítima de um enfarte fulminante.
Carlos Alberto Torres com a Taça Jules Rimet, erguida por ele em 1970
Rafael Ribeiro/Arquivo CBF
Junior
Talvez pouca gente se lembre, mas o ex-lateral-esquerdo do Flamengo também se aventurou como técnico antes de se tornar comentarista. Ele passou pelo Flamengo em 1993 — logo após encerrar a carreira como jogador — e 1997, além de treinar o Corinthians em três partidas em 2003. Há quase três décadas, Júnior é comentarista em programas e transmissões da Globo e dos canais sportv.
Junior é comentarista do Grupo Globo até hoje
Globo/João Cotta
Muricy Ramalho
Muricy Ramalho já era um multicampeão quando se tornou comentarista dos canais sportv em 2016. No currículo, tem quatro Campeonatos Brasileiros, uma Libertadores, uma Sul-Americana, entre outras diversas taças. Ele deixou os microfones em 2020 para retornar ao São Paulo como coordenador técnico. Segue até hoje nessa mesmo cargo.
Muricy Ramalho foi comentarista dos canais SporTV entre 2016 e 2020
SporTV
Mário Sérgio
O ex-meia Mário Sérgio Pontes de Paiva dirigiu times como Vitória, Corinthians, Athletico-PR, São Caetano, Atlético-MG, Figueirense, Botafogo, Portuguesa, Inter e Ceará, até 2010. E foi como comentarista que encerrou sua vida. Ele foi uma das vítimas fatais da queda do avião que transportava a equipe da Chapecoense para Medellín, onde disputaria a primeira final da Copa Sul-Americana, em 2016. Aos 66 anos, profissional estava no voo porque iria comentar a partida pela Fox Sports.
Mário Sérgio quando foi técnico do Figueirense
Divulgação/Site Oficial do Figueirense
Zico
Que Zico foi um grande jogador de futebol todo mundo sabe. Sempre será lembrado como um dos maiores da história do Flamengo e da Seleção Brasileira. Mas desde 1999 construiu uma carreira extensa como treinador fora do Brasil, com sete títulos espalhados por Uzbequistão, Turquia e Rússia. Em meio a a todos esses anos de trabalho, mantém um programa de entrevista, desde 2011, que já passou por mais de um canal fechado de televisão.
Zico tem carreira de treinador construída fora do Brasil e mantém programa de entrevista na TV fechada.
Alex Cardim/ EPTV
Valdir Espinosa
Campeão do mundo pelo Grêmio em 1983 e que tirou o Botafogo da fila de 21 anos do Campeonato Carioca em 1989, Valdir Espinosa teve uma carreira de altos e baixos como técnico. Em meio aos vários times que comandou desde o final da década de 1970 e os anos 2000, trabalhou como comentarista da Rádio Globo, do Rio de Janeiro, entre 2012 e 2013. Ele morreu em 2020, aos 72 anos, vítima de complicações causadas por uma cirurgia no intestino.
Valdir Espinosa era gerente de futebol do Botafogo quando morreu, em 2020
Vitor Silva/Botafogo
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