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Luta de Massa por 2008 perto de decisão; Ecclestone questiona inglês de jornalista alemão

Luta de Massa por 2008 perto de decisão; Ecclestone questiona inglês de jornalista alemão

A luta de Felipe Massa pelo reconhecimento do título da temporada 2008 da Fórmula 1 enfim vai começar no próximo mês na Alta Corte de Londres, na Inglaterra. Além da reparação esportiva, o brasileiro de 44 anos quer uma indenização de US$ 82 milhões (aproximadamente R$ 440 milhões) como reparação de perdas econômicas ocasionadas pela postura negligente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e da Fórmula 1 quanto às consequências do Singapuragate. Na ocasião, Nelsinho Piquet bateu de propósito para beneficiar Fernando Alonso a mando da Renault chefiada por Flavio Briatore. O espanhol acabou vencendo aquela corrida. A manipulação de resultados, entretanto, só foi descoberta oficialmente no ano seguinte, quando o resultado do campeonato de 2008 já havia sido homologado.
Flavio Briatore e Bernie Ecclestone conversam durante um jogo do Queens Park Rangers em 2008
Daniel Hambury/PA Images via Getty Images
A questão é que uma entrevista de Ecclestone em março de 2023 ao jornalista alemão Ralf Bach no site F1-Insider mudou tudo o que se sabia sobre a armação. Nela, o dirigente assume que tanto a FIA quanto a F1 já sabiam de tudo ainda em 2008. Ou seja, quando a corrida ainda poderia ser anulada de acordo com o regulamento esportivo da categoria. Foi exatamente por isso que Massa resolveu buscar reparação na Justiça.
– Max (Mosley, então presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e eu fomos informados durante a temporada de 2008 sobre o que havia acontecido na corrida de Singapura. Nelsinho disse a seu pai que a equipe havia pedido para bater deliberadamente no muro e em um determinado momento para acionar o safety car e ajudar Alonso, seu companheiro de equipe. Decidimos não fazer nada na ocasião. Queríamos proteger o esporte e salvá-lo de um grande escândalo. Havia uma regra na época de que a classificação do campeonato mundial era intocável após a cerimônia de premiação da FIA no fim do ano. Então, Hamilton recebeu o troféu do Campeonato Mundial e tudo estava encerrado – disse Ecclestone.
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Reprodução/FOM
A questão é que, próximo do início do julgamento na Inglaterra, Ecclestone resolveu dobrar a aposta. E, em entrevista ao jornal inglês “The Times”, questionou o entendimento da língua inglesa pelo jornalista alemão e afirmou que sequer se lembra da entrevista.
– Essa foi uma entrevista que dei a alguém na Alemanha, e o sujeito, na época, não tinha um inglês muito bom e estava tomando notas, e isso foi retomado por alguém na Inglaterra. Os advogados, tanto meus quanto da FIA e da F1, não entendem como isso pode ser ouvido em um tribunal – afirmou Ecclestone.
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Reprodução
Juízo de valor sobre o caso à parte, o grande problema aqui nesta nova declaração de Ecclestone é o questionamento da idoneidade de um jornalista como o alemão Ralf Bach, extremamente conhecido no paddock e com mais de 30 anos de cobertura do esporte. Dizer que o “repórter não tinha um inglês muito bom” e que apenas “estava tomando notas” é um insulto à reputação de quem trabalha na cobertura da categoria. Todo mundo que já esteve trabalhando em um grande prêmio de Fórmula 1 sabe que não dá para trabalhar sem ter um inglês no mínimo fluente – isso sem falar em outras línguas.
Isso se torna ainda mais grave quando olhamos para o currículo de Ralf Bach, que tem passagens por veículos alemães como Sport Bild, Auto Bild Motorsport, Sport1 e Ippen-Network (TZ, Frankfurter Rundschau). Atualmente, ele toca o F1-Insider ao lado das jornalistas Bianca Garloff e Karin Sturm. É um enorme insulto questionar a fluência em inglês de uma pessoa com uma carreira tão importante. Chega a ser um atentado à inteligência de quem está ouvindo (ou lendo) a justificativa de Bernie.
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Rui Vieira/PA Images via Getty Images
Fato é que Ecclestone mais uma vez muda sua versão sobre o caso. Na tentativa de justificar o injustificável, o ex-dirigente da Fórmula 1 resolve atacar o mensageiro. E, indiretamente, expõe sua preocupação – e seu medo – sobre as possíveis decisões sobre o pleito de Massa para, enfim, ter justiça sobre o desfecho do campeonato de 2008. Ano que teve uma corrida assumidamente manipulada esportivamente e que não foi anulada – medida que deveria ter sido óbvia na ocasião.
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Perfil Rafael Lopes
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