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Coletor de lixo, colecionador e ex-dependente de drogas: conheça figurões da São Silvestre

Coletor de lixo, colecionador e ex-dependente de drogas: conheça figurões da São Silvestre

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Cheia de predicados e tradições, a São Silvestre chega à centésima edição neste ano como a maior corrida de rua do Brasil. A prova desperta sentimentos únicos e não é à toa que reúne milhares de histórias plurais, com pessoas que escolhem encarar o desafio dos 15 quilômetros no dia 31 de dezembro por motivos singulares, que vão muito além da finalização do percurso.
Há quem corra fantasiado, existe aquele que transformou a profissão em hobby e até um homem que coleciona mais de 200 peças raras sobre a São Silvestre. O simbolismo de uma prova que encerra o ano para receber o próximo de braços abertos é um prato cheio para juntar histórias peculiares, e o ge.globo reuniu cinco pessoas entre os 55 mil participantes para representar os figurões do evento.
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Ivanildo Dias de Souza é um deles. Ele partiu de Monte Santo, no interior da Bahia, para viver em São Paulo recolhendo o lixo. São 10 quilômetros percorridos por noite apanhando os dejetos da capital. Durante as madrugadas de trabalho e com o empurrão da empresa na qual presta serviço, o baiano descobriu uma nova vocação: a corrida de rua.
O coletor de lixo que já deixou quenianos pra trás
“A empresa de coleta reuniu os funcionários e começou a pagar uma inscrição para a São Silvestre para os melhores. Fui campeão em 2005 nessa seletiva, peguei gosto pela corrida e estou aí, indo para a minha 20ª São Silvestre. Meu treinador é o caminhão de coleta de lixo, ele me deu muita resistência, é um preparo físico fora do normal. Quando comecei a correr, já estava preparado. É sobe, desce, carrega o lixo” contou Ivanildo.
O coletor de lixo se tornou um atleta profissional, sobe no pódio frequentemente em provas de ruas de São Paulo. Trabalha na coleta de madrugada, treina durante as manhãs e compete aos fins de semana. Na São Silvestre, seu grande amor, ele larga sempre na elite.
Como pode-se notar, quem corre a São Silvestre costuma ser apaixonado pela prova. No caso de Gabriel Abdala, essa paixão se transformou na maior coleção conhecida da última corrida de rua do ano. São mais de 200 objetos raros – medalhas, número de peito, placas históricas – e tudo começou por causa da relação com o avô, que correu a São Silvestre de 1932 – mesmo ano em que participou da revolução de 32.
“Eu já fiz quase mil provas de corrida, mas nada será como a São Silvestre. Corri pela primeira vez em meio a um processo de depressão, lembrando do meu avô, que correu em 1932. Foi a partir daí que comecei essa coleção, mas sem pretensões, não imaginei que chegaria a esse tamanho”, comentou Gabriel.
Não podemos deixar de falar dos fantasiados. Todos os anos, a São Silvestre leva todo o tipo de personagens às ruas: super-heróis, dinossauros, celebridades e por aí vai. Figura carimbada nesse grupo, Ana Animal já tem a fantasia perfeita para o centenário da corrida mais amada do Brasil: ela vai ser uma senhora de 100 anos. Os looks são sempre criativos demais, mas a história de Ana vai muito além disso.
100 anos de São Silvestre: Ana Animal é uma das grandes personagens
A corrida de rua salvou a vida dela. Quando nasceu, Ana foi abandonada numa caixa de sapato e cresceu nas ruas de São Paulo. Usava drogas, roubava, traficava. Tinha tudo para ter um destino final muito ruim, mas a história mudou quando a atleta amadora se deparou com o filme Carruagens de Fogo exibido numa vitrine de uma loja do centro da capital paulista. Ela começou a praticar corrida e, graças ao esporte e uma rede de apoio, conheceu inúmeros países.
“Se não fosse a corrida, acho que eu estava morta ou na cadeia. Já viajei para muitos países graças ao esporte, mas a corrida que eu mais amo é a São Silvestre. Agora, eu estou muito feliz, ansiosa. São 100 anos de São Silvestre. Nenhuma é igual a outra. É sempre diferente e especial. Já fui de pipoca, de rainha Elizabeth, Avatar”, comentou Ana, que vai para a 26ª São Silvestre aos 63 anos.
Ana Animal já correu de Rainha Elizabeth na São Silvestre
Fernanda Paradizo
E quando a corrida exalta o amor? É o caso do publicitário Thiago Mota. Ele começou a correr após se deparar com a obesidade grau quatro. Com o esporte, o jovem paulista ganhou mais qualidade de vida e conheceu o namorado Erick de Pádua. Em toda a prova que participa, Thiago carrega a bandeira LGBTQIAP+ e não será diferente na São Silvestre.
“Podemos estar em todos os lugares. Hoje em dia, a gente fala muito abertamente sobre sexualidade, gênero, gostos e conseguimos trazer essa pauta para discutir no dia a dia, ter toda essa igualdade em questão de direitos e deveres”, disse Thiago.
Empresário encontra na São Silvestre: saúde, trabalho e amor
Finalizamos essa lista com o Gláucio Campos, um professor apaixonado por São Silvestre que levará mais de 50 alunos para a edição centenária da prova de rua mais amada do Brasil. O corredor transformou o esporte em profissão e compartilha tanto seu conhecimento como o amor pela atividade física.
“Esse senso de comunidade que a corrida cria é incrível, todo mundo quer se encontrar, correr junto, bater papo. É uma grande amizade. Agora, na São Silvestre, é reta final, a hora que você está com o coração a mil. Esse momento é incrível, última prova do ano, já pensando no ano seguinte, passa um filme na cabeça”, disse Gláucio.
Toda essa turma estará reunida nesta quarta-feira, 31 de dezembro, em frente ao MASP, para correr a 100ª São Silvestre. A prova tem início às 7h25, com a largada dos cadeirantes.
Se liga nos horários das largadas

7h25 – PCDs Cadeirantes
7h40 – Elite A e B feminino
08h05 – Elite A e B masculino, PCD e Pelotão Premium
08h10 – Setor Azul Par
08h20 – Setor Azul Ímpar
08h30 – Setor Verde Par
08h45 – Setor Verde Ímpar
09h – Setor Vermelho Par
09h15 – Setor Vermelho Ímpar geRead More