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Como trabalho silencioso com fisioterapeuta ajudou Danilo a superar dores no Flamengo e “saltar à la CR7”

Como trabalho silencioso com fisioterapeuta ajudou Danilo a superar dores no Flamengo e “saltar à la CR7”

O gol de Danilo de cabeça na final da Libertadores ficará marcado em músicas da torcida do Flamengo, tatuagens, imagens e na memória de milhares de pessoas. Mas o lance não foi uma tacada de sorte. Nasceu de um longo trabalho feito pelo zagueiro com o fisioterapeuta Adriano Tambosi, com quem trabalhou semana após semana para chegar à reta final de 2025 vivendo o que de mais épico há no futebol: ser herói em uma decisão.
Aos 21 min do 2º tempo – gol de cabeça de Danilo do Flamengo contra o Palmeiras
Danilo e Adriano começaram a trabalhar juntos em abril deste ano, pouco depois da chegada do jogador ao Brasil, quando ele procurou a empresa Volt Sports Science. O jogador já fazia acompanhamento há anos, mas buscou profissionais para manter a rotina também no Rio de Janeiro. Não só com a recuperação ou a fisioterapia, mas também com médicos, nutricionistas e psicólogos.
Metódico e disciplinado, Danilo elevou o sarrafo e ajudou o fisioterapeuta a chegar em um “outro nível”, como ele mesmo descreve. Adriano admite ser um desafio, mas diz que o nível de exigência dos dois converge.
— A gente se deu muito bem – contou.
O trabalho é feito de quatro a cinco vezes por semana na casa do jogador como um complemento ao que ele já faz dentro do clube. As sessões duram entre uma hora e meia a duas horas, podendo aumentar dependendo das demandas. Como “performance manager”, Adriano é o responsável por integrar todas as áreas e liderar a rotina de treinos. A recuperação é essencial e quase diária.
— O Danilo tem equipamento de tudo, recovery, banheira de gelo, bota compressiva, tudo que ele precisa. E usa mesmo, não está só lá encostado. Dentro das avaliações periódicas nós pensamos nos objetivos. Desde questões mais qualitativas, como uma musculatura meio encurtada, se precisamos trabalhar flexibilidade, mobilidade de alguma articulação específica, controle motor, equilíbrio, força do core, membro superior, força. E entramos com o que chamamos de micro doses de vários objetivos, especialmente de força, para manter o atleta forte ao longo dessa temporada tão desgastante, e de potência, pensando em questões mais de performance e quantitativas – explicou Adriano ao ge.
Gol de Danilo em Palmeiras x Flamengo
Hector Vivas/Getty Images
Em entrevista ao Abre Aspas em novembro, Danilo já havia mencionado os treinos de salto e os desafios que o fisioterapeuta dá a ele durante as sessões. Adriano contou que essas provocações ajudam a motivar ainda mais um jogador que já é naturalmente competitivo.
— Eu sou muito satisfeito com meus números. Meu fisioterapeuta fala: “Putz, seu teste de salto deu 52 cm, duvido fazer 54”. Quando chegar em casa, eu vou fazer 56 e ele começa a rir. Meus números de força, velocidade, são os mesmos ou até mais. Tenho contado com a parceria do Flamengo para me ajudar nessa manutenção e que eu possa retribuir em campo – disse Danilo.
— É mais desafiador. É cara experiente, com tanta história, como vamos arrancar um pouquinho a mais? Mas é uma provocação sadia que fazemos. Eu brinco muito com ele nesse momento dessa avaliação. É uma avaliação que a gente utiliza para tentar identificar quanto custou a última partida, ou seja, qual o nível de fadiga e desgaste. Às vezes estava cansado, principalmente pós-jogos intensos, de viagens. Ele saltava mais ou menos, eu olhava e falava: “é só isso? Melhor ir embora para casa então. Se é para fazer só isso, então chega”. Ele já olhava torto e falava “vai, liga de novo e vamos fazer mais uma”. Depois já saltava 10, 15%. O Danilo é muito competitivo com ele mesmo. Tem atletas que precisamos buscar estratégias para motivar, para intensificar o trabalho e tudo, o Danilo não precisa de muito – disse Adriano.
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Salto para a glória
Adriano estava em casa com a família e amigos quando viu Danilo saltar para dar o título da Libertadores do Flamengo. Após a final, o zagueiro dividiu os méritos com o fisioterapeuta, dizendo que depois de cada jogo eles treinam para ver o salto. Adriano agradece.
— Ele sempre foi muito atlético, performou muito bem. Sempre foi um atleta de muita força física e potência. Tivemos uma evolução interessante de força e de potência ao longo desses seis, sete meses. Costumamos dizer que o nosso trabalho é o que não aparece. Vamos trabalhar em silêncio. Então, quando você tem um reconhecimento desse em rede nacional, é valioso demais. Eu já tinha visto que ele tinha feito o gol, mas sabe quando você fica aqueles 30 segundos tentando acreditar que está acontecendo? Fiquei meio em choque, feliz demais. Terminou o ano saudável, performando. Merecia demais – afirmou o fisioterapeuta.
Já tinha visto um jogador saltar tão alto assim? Adriano Tambosi brincou.
— A gente viu o Cristiano Ronaldo (risos), mas é difícil. É uma cena bonita de ver o quanto do corpo dele está passando da altura da cabeça dos outros atletas. Ele saltou muito. Até brinquei perguntando de onde tirou aquele salto. Ele falou que foi da vontade de fazer o gol e sair campeão. Ele tem muita competência e qualidade física para executar esse tipo de salto, mas a vontade foi mais uma coisa que ajudou. O Danilo salta, parado, em torno de uns 55 centímetros. Ali ele deve ter batido uns 70, 75 centímetros fora do chão. É muita coisa — disse.
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Danilo abraça a taça, que está quebrada
André Durão / ge
Ano desafiador
De volta ao Brasil depois de fazer uma vida na Europa, Danilo se encontrou em um cenário complicado. Com duas lesões musculares, o jogador ficou atrás de Léo Ortiz e Léo Pereira na fila da zaga. Quis o destino que o primeiro se lesionasse na reta final, abrindo espaço para o experiente defensor assumir a vaga. Mas o camisa 13 também precisou atuar no sacrifício nessa reta final. Com um trauma no joelho sofrido contra o Palmeiras no Brasileirão, em outubro, o jogador colocou toda força que tinha para não deixar o Flamengo na mão.
— Ele não precisou perder sessões de treino, não precisou perder jogos. Estava à disposição. Ele teve duas lesões musculares na temporada. Uma coisa que acho importante ressaltar é que, quando cheguei no Rio, o Danilo estava em processo de tratamento no Flamengo. A abertura que tive no primeiro dia, quando tive contato com os fisioterapeutas e fisiologistas do clube, me receberam lá no CT, conversamos, trocamos ideias, entendi em qual momento estava, o que eu podia fazer em casa para acelerar esse processo. Quando tem esse cenário de boa comunicação, fica muito mais fácil para trabalhar – explicou Adriano.
A empresa também faz esse tipo de trabalho com 21 atletas, incluindo companheiros de Danilo na seleção brasileira como Estêvão e Gabriel Magalhães.
— Sempre ressalto a importância da interdisciplinaridade. Ter o suporte da nutrição, da medicina, do monitoramento de sono, o nosso monitoramento completo, as tomadas de decisões. É sempre importante ressaltar isso, porque as pessoas acham que é só você, recebi várias mensagens, mas tem muita coisa por trás de tudo isso. Se o Danilo não dorme bem, se ele não está bem alimentado, se ele não está bem hidratado, se todos os biomarcadores dele não estão em dia, a gente não consegue desenvolver nada em questões físicas, então é sempre importante ressaltar isso – finalizou Adriano.
— Na Volt, o nosso grande foco é eliminar as travas que impedem que o atleta atinja todo o seu potencial esportivo. Sempre dizemos que jogar bola eles já sabem, e muitas vezes o necessário é cuidar dos aspectos que estão em torno do futebol, seja em áreas como o sono, a nutrição, ou a psicologia – explicou André Cunha, CEO da empresa.
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