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Diretor tirou dinheiro do bolso para evitar fim do JF Vôlei e agradece à esposa: “Sempre ao meu lado”

Diretor tirou dinheiro do bolso para evitar fim do JF Vôlei e agradece à esposa: “Sempre ao meu lado”

Esporte: veja lances de JF Vôlei 0 x 3 Suzano pela Superliga masculina
O que um apaixonado pelo esporte é capaz de fazer para manter um projeto “vivo”? Esta certamente é uma pergunta que Maurício Bara se fez por muitas vezes e que provavelmente tirou o sono dele por várias noites. E não bastou ser diretor, treinador e torcedor. Quando as coisas ficaram difíceis, o professor universitário tirou dinheiro do próprio bolso para que o JF Vôlei seguisse em quadra.
Em meio a tantas dificuldades, o dirigente reconduziu o time de volta à Superliga masculina de vôlei após sete temporadas e tem o desafio de manter o projeto na elite, mesmo diante das adversidades técnicas, financeiras e esportivas. Maurício Bara conversou com o ge sobre o momento do time, que foi campeã da divisão de acesso, desistiu da elite por questões financeiras, foi rebaixada na Superliga B e só não encerrou as atividades profissionais pela insistência de um abnegado pelo projeto que recorreu ao patrimônio da própria família, com o apoio da esposa, para ver o time de novo na primeira prateleira do vôlei nacional.
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Maurício Bara tiirou dinheiro do próprio bolso para JF Vôlei não acabar
Douglas Magno/Divulgação JF Vôlei
“Eu não recuperei o valor investido, aquilo que eu coloquei no negócio. Mas não me arrependo do que fiz, de forma alguma. É complicado, porque você tira da família, querendo ou não você tira de casa. E foi muito dura essa época de tirar dinheiro do próprio bolso”.
Maurício Bara não é um mecenas milionário. Professor titular da Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora, ele tem uma carreira acadêmica de sucesso, mas está longe de ser um Tio Patinhas do voleibol. Mesmo assim, foi ele quem viabilizou a sobrevivência do projeto quando a parte financeira pesou.
Durante a cobertura diária do JF Vôlei a frase “O Bara resolveu, tirou do bolso dele” era comum e verdadeira. Quem dizia eram os próprios jogadores, integrantes de comissões técnicas diferentes, dirigentes, funcionários e até mesmo parceiros comerciais.
Quando a conta da temporada não fechava, como em 2015/2016, edição da Superliga em que o time se livrou do rebaixamento na seletiva, e em 2021, ano em que o JF Vôlei disputou e conquistou o título da Superliga B, foi Bara quem socorreu os cofres da equipe de Juiz de Fora. Para isso, ele recorreu ao patrimônio da família. E sem o apoio e a compreensão da esposa Leiliane, nada seria possível.
— Eu tenho que agradecer demais à minha família, principalmente à minha esposa. Ela me apoiou muito e, mesmo sem a perspectiva do retorno financeiro, ela esteve ao meu lado — destacou Bara, que também citou os filhos Pietra e Rafael..
Maurício Bara ao lado dos filhos Pietra e Rafael e da esposa Leiliane
Luna Freire
“Ela sabia que o projeto era como se fosse um filho para mim e que eu faria um esforço grande para que esta dependência financeira da equipe em mim não se perpetuasse, como não se perpetuou. Sou funcionário público, não sou um milionário e, de qualquer forma, o dinheiro é finito, ele acaba um dia (risos). Hoje avançamos demais”.
Apesar de ser uma das menores folhas salariais da Superliga masculina, o JF Vôlei vive uma realidade que não depende do quão fundo é o bolso dos dirigentes que tocam o projeto. A equipe conseguiu 70% da captação que considerava ideal para custear a temporada e tornar o projeto mais sustentável.
— Ainda não temos uma captação suficiente para nos dar conforto. O projeto ainda depende das arrecadações extras como a renda dos jogos. Eu gostaria de ter a renda como um fundo para a próxima temporada. Estamos trabalhando para isso. Um grau de captação mínima seria de R$ 3 milhões. Conseguimos 70% disso — explicou.
Confira a tabela da Superliga masculina
Mesmo sem o poderio econômicos dos times que têm brigado na parte de cima da tabela na elite nos últimos anos e na lanterna do torneio atualmente, o JF Vôlei vive uma situação financeira mais saudável do que nas temporadas passadas, em que o tome oscilou tanto esportivamente quanto nas finanças.
Campeão da Superliga B, o time desistiu de jogar a elite na temporada 2021/2022 por falta de dinheiro. Na sequência, a equipe foi rebaixada na divisão de acesso e caiu para a Superliga C.
JF Vôlei se sagrou campeão da Superliga B em 2021, mas não disputou a Superliga A por falta de dinheiro
Douglas Magno/Divulgação JF Vôlei
Com dificuldades financeiras e na última divisão nacional em 2023, Maurício Bara afirma que já tinha se conformado que o JF Vôlei se tornaria um clube apenas formador e largaria a equipe profissional.
— Foi um período duro. Primeiro decidimos não jogar a Superliga. Depois, jogamos a Superliga B muito fragilizados. Apesar disso, foi de muita tranquilidade e fizemos as categorias de base crescer muito e eu estava satisfeito com aquilo ali. Eu não enxergava opções para voltarmos ao profissional
“Em 2021, quando fomos campões da Superliga B, foi com muito esforço pessoal meu. Como não houve resposta (do mercado), veio a decepção, mas vimos aquilo com muita serenidade. Entre fevereiro de 2022 e julho de 2023 foi um período de muito aprendizado e trabalho na base. Eu me dava por satisfeito e não via problema em seguir como um clube formador de jogadores”.
Montagem do elenco e reencontro difícil com a elite
A ausência de dinheiro aos montes praticamente obriga que as equipes mais modestas financeiramente sejam criativas e certeiras no mercado. O JF Vôlei tentou fazer isso e com menos tempo que as demais.
De acordo com Maurício Bara, Monte Carmelo e a equipe de Juiz de Fora, promovidos da Superliga B, começaram a pensar na montagem do elenco quando os times da elite já em um estágio avançado de contratações.
JF Vôlei apostou na criatividade e mapeamento de marcado para montar elenco competitivo para elite nacional
Letícia Damasceno
— É um momento muito delicado, porque o mercado já se movimentou. Então o desafio foi manter a base vencedora da Superliga B. Conseguimos segurar oito titulares. Queiramos manter outros jogadores também, mas houve outras propostas e fomos ao mercado atrás de jogadores pontuais que estavam disponíveis, tanto no Brasil, quanto no exterior — analisou.
Juiz de Fora tem encontrado dificuldades nas dez primeiras rodadas da competição, como era de se esperar. Apesar de um início competitivo, a equipe caiu de produção e vem de oito derrotas seguidas. O JF Võlei venceu apenas uma partida em nove duelos.
De acordo com Bara, o retorno para a primeira divisão após sete anos e tantas reviravoltas é especial para o JF Vôlei, mas não esconde o senso de responsabilidade para que o projeto siga saudável, independentemente do resultado esportivo. que atualmente está abaixo do que a diretoria projetava internamente ,
— É uma satisfação muito grande poder disputar a Superliga novamente mas, em função de tudo que a gente viveu na história, o sentimento que fica é o de responsabilidade, por conta da dificuldade da competição, tanto financeira, como a técnica. Não parei de pensar nisso desde o acesso. — concluiu.
O JF Vôlei tem dois pontos até o momento na Superliga masculina. A equipe é lanterna, com uma vitória e oito derrotas. O time enfrenta o Suzano nesta segunda-feira, a partir das 18h30, no Ginásio Municipal Jornalista Antônio Marcos. geRead More