Do sonho à glória: das areias de João Pessoa ao nascimento do Espectros como potência nacional
João Pessoa Espectros, do sonho à conquista: onde tudo começou
Antes dos títulos nacionais, antes das arquibancadas lotadas e de a cidade inteira vestir preto e vermelho, o futebol americano na Paraíba começou com um grupo de amigos e uma ideia considerada improvável: fazer o esporte crescer em João Pessoa e levá-lo a um patamar que ninguém imaginava. E o que parecia ousadia tornou-se uma das histórias mais marcantes da modalidade no país. Uma história que começou à beira-mar, cujo primeiro episódio da série Do Sonho à glória revela os passos iniciais do nascimento do João Pessoa Espectros.
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Nos treinos de fim de tarde, na areia da praia, os primeiros jogadores tinham mais vontade do que equipamentos. Era um núcleo movido por paixão, sem improviso no propósito. A meta era clara desde o início: construir algo grande. A identidade que surgia ali ainda era embrionária, mas já revelava traços que mais tarde marcariam o Espectros: disciplina, união e competitividade.
Elenco do João Pessoa Espectros contra o Recife Mariners
Anderson Silva / João Pessoa Espectros
O nome escolhido, Espectros, traduzia bem o espírito daquele início. Uma equipe que ainda parecia invisível para o país, mas que logo se tornaria temida por quem cruzasse seu caminho. A chegada de Brian Guzman, então jovem técnico, foi um ponto de virada. Ele entendeu imediatamente que havia algo diferente em João Pessoa; uma combinação rara de talento físico, organização e ambição.
— Quando cheguei nos Espectros, eu pude ajudar o Espectros alcançar o próximo passo em relação ao desenvolvimento técnico. Tinha muita vontade, união, nível atlético avançado, organização fora do campo, rede de apoio forte. Tive uma excelente primeira impressão. Foi surpreendente. Os caras só pensavam em melhorar. Foi uma excelente combinação. O resto é história — comentou Brian Guzman.
Brian Guzman em 2015, no Espectros
Hévilla Wanderley / GloboEsporte.com/pb
Com o tempo, o time da capital da Paraíba deixou de ser apenas um grupo de praia. Vieram capacetes, uniformes, treinos sistematizados, jogadas desenhadas no quadro branco e uma filosofia própria de jogo. O projeto ganhava corpo enquanto crescia o sentimento de identidade e pertencimento. Entre os nomes que ajudaram a transformar sonhos em prática estava Vitor Ramalho, wide receiver e liderança natural no início da equipe. Ele viveu de dentro o processo de construção.
Foi o desejo de colocar o nome da Paraíba no topo que moveu os Espectros”.
Vitor Ramalho pelo João Pessoa Espectros
Anderson Silva / João Pessoa Espectros
Rapidamente, o Espectros deixou de ser promessa. Vieram títulos estaduais e regionais, confrontos marcantes e os primeiros olhares atentos do Brasil. A equipe paraibana se tornava referência, quebrando preconceitos e atraindo respeito por onde passava. E entre aqueles que ajudaram a sustentar a evolução estava outro nome decisivo: Diego Aranha, que anos depois faria o chute do título brasileiro, mas que já naquele período enxergava um potencial muito maior.
— A gente sempre percebeu a gana do time. O espírito do Espectros sempre foi um espírito vencedor. Por mais que 2012 foi doloroso, 2013 foi um ano inteiro de construção. Ficava todo mundo na mesma página, buscando a vitória, a incentivar, a melhorar. O time foi mantendo o perfil vencedor que tinha e tentando melhorar. A gente odiava mais perder do que gostava de ganhar — disse.
Espectros foi campeão no Estádio Almeidão, em João Pessoa
BK Sports
O ciclo de crescimento estava consolidado. A cultura competitiva já era uma marca registrada, e o país começava a entender o que estava nascendo no litoral paraibano: um projeto sério, ambicioso e preparado para alçar voos muito maiores. A história do Espectros, porém, só ganharia sua forma definitiva anos depois — em 2015, na campanha que mudaria tudo.
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