EUA querem exigir que turistas exponham histórico de redes sociais
Donald Trump
REUTERS/Jonathan Ernst
Governo Trump elabora proposta para obrigar turistas estrangeiros isentos de visto, como europeus e japoneses, a submeter histórico de cinco anos de suas redes sociais para poderem entrar nos EUA. O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (10), uma proposta para obrigar turistas estrangeiros atualmente isentos da necessidade de visto a entregarem, às autoridades do país, os históricos de redes sociais dos últimos cinco anos.
Se confirmada, a exigência afetará diretamente turistas de uma lista de 42 países que inclui a Alemanha, França, Reino Unido e Japão, entre outros, que atualmente só precisam fazer uma solicitação de entrada online por meio do Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem (ESTA, em inglês).
A medida é similar a uma que já vinha sendo aplicada para alguns requerentes de visto de países não incluindo no ESTA, como estudantes de nações como o Brasil, que desde junho já vinham tendo que expor o histórico de suas redes sociais.
Atualmente, turistas de países do ESTA pagam US$ 40 pelo processo e têm que indicar um endereço de e-mail, endereço residencial, número de telefone e informações de contato de emergência. A autorização é válida por dois anos. Desde 2016, vinha sendo opcional incluir suas redes sociais na inscrição.
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Mas, segundo o documento divulgado nesta quarta, esses turistas isentos poderão ter que passar fornecer às autoridades consulares americanas uma lista dos números de telefone usados nos últimos cinco anos, além de endereços de e-mail dos últimos dez anos.
👀 Nomes, endereços, datas e locais de nascimento de parentes (pais, cônjuges, irmãos e filhos) e os telefones dos últimos cinco anos deles também poderão ter que ser informados, sob risco de o viajante ser barrado caso esses dados sejam inconsistentes.
O texto foi publicado no Federal Register, o diário oficial americano, pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, agência federal de aplicação da lei do Departamento de Segurança Interna do país. As propostas ainda passam por uma revisão de 60 dias antes de começar a valer oficialmente. Durante esse período, cidadãos, empresas ou outras entidades americanas podem fazer comentários, críticas ou sugestões às medidas previstas.
A publicação do documento ocorre uma semana depois de uma orientação do Departamento de Estado dos EUA, divulgada pela agência Reuters, para negar visto, inclusive de trabalho, para estrangeiros que já tenham trabalhado com moderação de conteúdo, segurança digital e checagem de fatos.
A justificativa é de que esses profissionais estariam praticando “censura” e “supressão da livre expressão essencial ao estilo de vida americano”, disse o governo Trump em um memorando enviado aos corpos consulares no exterior, informou a Reuters.
Em julho, o governo Trump já havia divulgado uma proposta para impor limites mais rígidos à permanência de jornalistas estrangeiros em solo americano.
Cerco a imigrantes e queda no turismo
Em 28 de novembro, numa publicação nas redes sociais durante a madrugada do dia de Ação de Graças, Trump afirmou que interromperia “permanentemente” a entrada no país de cidadãos de países de “terceiro mundo”.
No dia anterior, um afegão foi apontado como responsável por balear dois membros da Guarda Nacional em Washington, capital americana, matando um deles.
A retórica contra imigrantes é o mote de Trump desde o primeiro mandato. O país, no entanto, vem sofrendo uma queda expressiva no turismo – de acordo com o World Travel & Tourism Council (WTTC), os gastos de visitantes internacionais devem cair de US$ 181 bilhões em 2024 para menos de US$ 169 bilhões neste ano, uma perda estimada em US$ 12,5 bilhões. Ao longo do ano, episódios de detenção de turistas, incluindo alemães que ficaram detidos por semanas, repercutiram negativamente no exterior.
Em março, a Alemanha atualizou suas recomendações de viagens para os Estados Unidos para alertar seus cidadãos que um visto ou isenção de visto de entrada não garante o acesso ao país.
No ano que vem, os Estados Unidos vão receber a maior parte dos jogos da Copa do Mundo de 2026, sediada em conjunto com o México e com o Canadá. Já em 2028, o país sedia os Jogos Olímpicos, que serão realizados em Los Angeles. Para ambos os eventos, é esperada alta demanda de turistas estrangeiros.g1 > Mundo Read More


