Horas após Trump anunciar cessar-fogo, confrontos continuam entre Tailândia e Camboja
Retomada de conflito desloca mais de 100 mil moradores da fronteira de Camboja e Tailândia
A Tailândia anunciou que mantém as operações militares contra o Camboja, apesar de o presidente americano, Donald Trump, ter afirmado que os dois países vizinhos haviam concordado com um cessar-fogo.
O primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, afirmou que o país “continuará realizando ações militares até que consideremos que nosso território e nosso povo não estejam mais ameaçados”.
A retomada dos confrontos entrou no sétimo dia e já causou ao menos 20 mortes. Mais de 500 mil moradores da zona da fronteira fugiram da região.
Autoridades militares tailandesas confirmaram “ataques de retaliação” contra alvos cambojanos no fim da madrugada deste sábado (13).
De acordo com um porta-voz, aeronaves tailandesas “destruíram com sucesso” duas pontes no Camboja, que, segundo ele, estavam sendo usadas para transportar armas para o campo de batalha.
As aeronaves tailandesas “estão usando armas de alta precisão para evitar danos a civis inocentes”, afirmou o porta-voz da Força Aérea, Chakrit Thammavichai.
O conflito entre os dois países se refere a uma antiga disputa sobre a demarcação das fronteiras, de 800 quilômetros, que data da época colonial. Um país acusa o outro de reacender o conflito.
Conversa com Trump
O anúncio da continuidade das hostilidades ocorre poucas horas depois de Donald Trump afirmar que Bangkok e Phnom Penh estavam de acordo sobre um cessar-fogo.
“Tive uma excelente conversa esta manhã com o primeiro-ministro da Tailândia, Anutin Charnvirakul, e o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, sobre o lamentável ressurgimento da longa guerra entre os dois países. Eles concordaram em cessar-fogo a partir desta noite e retornar ao acordo de paz original firmado comigo e com eles, com a assistência do grande primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim”, escreveu o presidente dos EUA nesta sexta-feira (12), em sua rede social Truth.
“Ambos os países estão prontos para a PAZ e a retomada do comércio com os Estados Unidos da América”, acrescentou Trump.
Pouco antes, o premiê tailandês havia declarado, após a ligação telefônica, que era necessário “anunciar ao mundo que o Camboja respeitará o cessar-fogo”.
Na manhã deste sábado, o Ministério da Defesa do Camboja declarou no canal X que “as forças armadas tailandesas usaram dois caças F-16 para lançar sete bombas” sobre vários alvos.
Segundo o Ministro da Informação, Neth Pheaktra, a Tailândia “expandiu seus ataques para incluir infraestrutura civil e civis cambojanos”.
Quem começou?
Após um surto inicial de violência em julho, os confrontos desta semana entre os dois países – membros da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) – voltaram a se intensificar.
“O Camboja sempre aderiu a meios pacíficos para a resolução de disputas”, afirmou Hun Manet, em uma mensagem publicada no Facebook. Ele acrescentou ter sugerido aos Estados Unidos e à Malásia utilizarem seus recursos de inteligência “para verificar qual lado abriu fogo primeiro” em 7 de dezembro.
“Quem violou o acordo deve resolver a situação, não quem sofreu as consequências”, acusou Charnvirakul na sexta, no momento em que dissolveu o Parlamento do país, em crise política. Eleições devem ser realizadas na Tailândia no início de 2026.
Em julho, na retomada das hostilidades, 43 pessoas morreram em cinco dias, antes de um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, China e Malásia, que detém a presidência rotativa da ASEAN.
A Tailândia e o Camboja disputam a soberania sobre pequenas faixas de território, onde se encontram templos do Império Khmer, ao longo de sua fronteira traçada no início do século 20.
Os dois países assinaram um acordo de cessar-fogo em 26 de outubro, intermediado por Donald Trump. Mas Bangkok suspendeu o tratado algumas semanas depois, após a explosão de uma mina terrestre que feriu vários de seus soldados.
Soldados do Exército da Tailândia andam em veículos blindados em uma estrada na província de Chachoengsao, perto da fronteira com o Camboja, em 24 de julho de 2025.
Lillian Suwanrumpha/AFPg1 > Mundo Read More


