Kremlin elogia Trump e comenta possível eleição na Ucrânia em meio ao conflito
O Kremlin afirmou nesta quarta-feira (10) que ainda não discutiu com os Estados Unidos as declarações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a possibilidade de realizar eleições presidenciais em meio à guerra. Segundo Moscou, os comentários são recentes e ainda não foram tema de diálogo com Washington. As informações são do The Moscow Times.
A declaração foi feita pelo porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, após Zelensky afirmar que estaria disposto a organizar novas eleições em até três meses, caso Washington e aliados europeus garantam a segurança do processo eleitoral. Atualmente, eleições são proibidas na Ucrânia em razão da lei marcial em vigor desde o início da invasão russa.
“Ainda não discutimos isso com ninguém, a declaração é bastante recente”, disse Peskov a jornalistas ao comentar a mudança de tom do presidente ucraniano sobre o tema.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov (Foto: WikiCommons)
O porta-voz destacou ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, já vinha defendendo a realização de novas eleições na Ucrânia após o fim formal do mandato de Zelensky, ocorrido no ano passado. Peskov ressaltou que o tema voltou ao centro do debate internacional depois de declarações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“É algo que o presidente Trump mencionou recentemente, então vamos observar como os acontecimentos irão se desenrolar”, afirmou.
Peskov também elogiou posicionamentos mais amplos de Trump sobre a guerra, dizendo que eles estariam alinhados com a visão da Rússia. Segundo ele, questões como a possível adesão da Ucrânia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), disputas territoriais e as perdas de áreas controladas por Kiev coincidem, em parte, com a leitura feita pelo Kremlin.
Trump tem pressionado a Ucrânia a aceitar uma proposta de paz elaborada pelos Estados Unidos, que vem sendo criticada por aliados de Kiev por supostamente favorecer a Rússia. Autoridades ucranianas, por sua vez, já haviam declarado anteriormente que novas eleições seriam realizadas apenas após o fim do conflito.
Na terça-feira (9), Zelensky afirmou que solicitou aos parlamentares ucranianos a elaboração de propostas para alterar a legislação eleitoral em vigor durante a lei marcial. Ele reforçou que a realização de eleições depende diretamente de garantias de segurança, em um país que sofre ataques diários de drones e mísseis russos.
“Estou pedindo abertamente que os Estados Unidos da América, possivelmente em conjunto com os meus colegas europeus, ajudem a garantir a segurança necessária para a realização das eleições”, declarou o presidente ucraniano.
