Maria Clara Pacheco diz que sofreu com doença da mãe e treinou em igreja antes de títulos e prêmio
Maria Clara Pacheco vence a categoria ‘Atleta do ano’ de 2025 no feminino
Ao subir ao palco do Prêmio Brasil Olímpico (PBO) para receber o troféu de Melhor Atleta do Ano no feminino, na noite de quinta-feira (11), Maria Clara Pacheco fechou uma temporada vitoriosa no taekwondo. A paulista de 22 anos disputou 10 torneios em 2025 e conquistou nove ouros. Campeã mundial, é líder do ranking da categoria até 57kg. Mas quem analisa apenas os resultados não vê o esforço de uma competidora que superou problemas pessoas e profissionais para triunfar. Maria Clara encarou uma doença grave da mãe, Vilma, e teve que treinar em igreja ao trocar de equipe.
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Maria Clara Pacheco exibe troféu no Prêmio Brasil Olímpico
Alexandre Loureiro/COB
Em junho, pouco antes do Grand Prix Challenge de Charlotte, a primeira grande competição da temporada no exterior, Vilma foi diagnosticada com câncer no intestino e sofreu complicações ao passar por uma cirurgia de emergência. Preocupada com a mãe, Maria Clara se dividiu entre treinos e noites no hospital. Cogitou abrir mão das lutas, mas foi convencida a viajar para os Estados Unidos – e com uma encomenda especial.
– Antes de partir para o Grand Prix, eu perguntei o que minha mãe queria de presente, e ela respondeu que era a medalha de ouro. Eu não acreditava, mas disse que faria o possível. E aconteceu. Isso virou uma tradição para o resto do ano. No Mundial, em outros GPs, a minha mãe ficava pedindo o ouro – contou Maria Clara, emocionada, no palco do Prêmio Brasil Olímpico.
Maria Clara Pacheco recebe um beijo da mãe, Vilma, no Prêmio Brasil Olímpico
Priscilla Basilio
O ritual deu certo e impulsionou o ano vitorioso. Por isso, Maria Clara dedica os títulos e prêmios à mãe e ao pai, Carlos. Os dois sempre incentivaram a carreira da filha. É o que mostra uma troca de mensagens de 2021, em que a atleta de taekwondo fez uma lista de promessas, como entrar para a seleção brasileira e disputar as Olimpíadas de Paris. Todas as metas foram alcançadas, com sobras.
– Eu cheguei a postar esse print na época das Olimpíadas (Paris 2024), mas era uma sensação diferente da que tenho hoje. Era a sensação de que eu ainda podia mais. Agora, estou com o sentimento de que cumpri o prometido e fiz tudo o que conseguia pela minha mãe e por outras pessoas que estão comigo – disse Maria Clara, em conversa com o ge no PBO.
Troca de mensagens entre Maria Clara Pacheco e a mãe, Vilma, em 2021
Reprodução/Time Brasil
O sucesso da atleta ganha o coração dos brasileiros e emociona Vilma, que não segurou as lágrimas ao ver a filha receber o troféu de Melhor Atleta do Ano. Mãe coruja, ela garantiu que vibra com cada luta de Maria Clara.
– Sempre que ela ganha, eu e o pai mandamos um áudio, fazendo aquele escândalo. Quando consegue um ouro, a Maria Clara liga para agradecer nossos áudios. Eu falo: “filha, ganhando ou perdendo, você foi maravilhosa”. Incentivo e vejo todas as lutas. É uma menina fora do normal. Desde pequena, nunca deu trabalho – relatou Vilma, ao ge.
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Treino em igreja
Além dos pais, Maria Clara dedicou a vitória no Prêmio Brasil Olímpico ao técnico e namorado, José Carlos. Os dois trabalham em parceria desde o fim de 2024, quando a atleta decidiu deixar, junto com outros colegas, a equipe que defendia.
Maria Clara Pacheco e seu técnico, José Carlos
Reprodução
Sem apoio e local fixo para trabalhar, o grupo se uniu, sob o comando de José Carlos. Foi assim que surgiu o Team One, na cidade paulista de São Caetano do Sul. No primeiro ano de existência, a equipe encarou adversidades, mas obteve sucesso, principalmente pelas mãos e pés de Maria Clara.
– A minha equipe se escolheu e escolheu passar pelo que passou. Enfrentamos muita coisa. Vocês não têm ideia. Escolhemos as batalhas para formar um time do zero. Treinamos na igreja até conseguirmos apoio. Recebemos suporte da Confederação Brasileira de Taekwondo e do Comitê Olímpico. Eles resolveram, conseguiram ajudar a construir uma estrutura – conta Maria Clara, que é só elogios ao técnico:
– Depois dos Jogos Olímpicos, eu senti que podia mais, virar a atleta favorita ao ouro e campeã. Não sabia o que fazer, mas o José Carlos se tornou o meu treinador, assumiu uma equipe inteira, um B.O. pesado. Ele mudou tudo. Com quatro meses de trabalho, me fez vencer a chinesa que ganhou de mim em Paris 2024. Foi o grande responsável por uma virada de chave. Deixei de bater na trave e comecei a subir ao lugar mais alto do pódio.
Maria Clara Pacheco conquistou o título mundial de taekwondo em 2025
Veja as conquistas de Maria Clara Pacheco em 2025:
🥇 Mundial
🥇 Copa do Mundo por equipes
🥇 Grand Prix Challenge de Charlotte, nos Estados Unidos
🥇 Grand Prix Challenge de Muju, na Coreia do Sul
🥇 Rio Open
🥇 Presidents Cup
🥇 Grand Slam, no Rio de Janeiro (seletiva para formar a seleção brasileira no início do ano)
🥇 Jogos Mundiais Universitários
🥇 Jogos Universitários Brasileiros geRead More


