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Norris é o primeiro britânico campeão da McLaren desde Hamilton, em 2008

Norris é o primeiro britânico campeão da McLaren desde Hamilton, em 2008

Lando Norris: conheça a trajetória do jovem piloto britânico da F1
Campeão da Fórmula 1 pela primeira vez após o terceiro lugar no GP de Abu Dhabi, Lando Norris se colocou no panteão dos grandes da categoria e atingiu um feito que não acontecia desde 2008: deu um título de pilotos para a McLaren. O triunfo nesta temporada faz com que o piloto de 26 anos suceda Lewis Hamilton, responsável pela conquista da equipe há 17 anos – e além de tudo, britânico como ele.
Norris é campeão mundial em vitória de Verstappen
Confira a lista com todos os campeões da Fórmula 1
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Lando Norris se emociona no pódio do GP de Abu Dhabi
Clive Rose/Getty Images
De 2008 para cá, a escuderia de Woking passou a perder rendimento e se tornou uma equipe de meio de tabela – em alguns anos, como 2015 e 2017, brigou no fundo do pelotão. Acabou na nona colocação no campeonato de construtores há dez anos.
O primeiro resultado da retomada veio no ano passado, quando a McLaren quebrou um jejum que durava desde 1998 e foi campeã de construtores, já conduzida pela dupla formada por Lando Norris e Oscar Piastri. O agora vencedor da F1 acabou em segundo na ocasião, atrás do tetracampeão Max Verstappen.
Para 2025, a McLaren voltou a acertar a mão com o MCL39 e deu a seus pilotos a chance de brigarem pelo título. Norris, que vinha de corridas irregulares e ficou atrás de Piastri por boa parte do ano, subiu o sarrafo na hora certa e superou a concorrência do companheiro. Nem mesmo a surpreendente parte final de Verstappen, da RBR, foi capaz de impedir a conquista.
Lando Norris abraça Oscar Piastri em comemoração do título da Fórmula 1
Clive Rose/Getty Images
Com isso, Lando garantiu o 13º título de pilotos da McLaren na história da Fórmula 1 e se tornou o terceiro britânico campeão pela equipe: além dele e de Hamilton, James Hunt levou a taça em 1976. Veja a lista completa de campeões pela escuderia:
Pilotos campeões pela McLaren
Além de ter colocado seu nome entre os grandes da história da McLaren, Norris também garantiu o 21º título do Reino Unido na Fórmula 1 – o país é disparado o maior vencedor na categoria, seguido por Alemanha (12) e Brasil (8).
Com Lando, 11 pilotos britânicos já conquistaram a F1 ao menos uma vez. Além dele, Hamilton e Hunt, também foram campeões mundiais os compatriotas Mike Hawthorn, Graham Hill, Jim Clark, John Surtees, Jack Stewart, Nigel Mansell, Damon Hill e Jenson Button.
Lando Norris celebra campeonato mundial da F1 2025, no GP de Abu Dhabi
Bryn Lennon – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Para além de serem do mesmo país e estarem na mesma equipe, as histórias dos primeiros troféus de Hamilton e Norris têm um ponto em comum: precisam ser contadas a partir das temporadas que precederam os títulos.
A conquista de Norris
Em 2024, Norris teve pela primeira vez a chance de andar em um carro competitivo, já que a McLaren vinha sendo uma mera coadjuvante nos anos anteriores. Ao lado de Oscar Piastri, o britânico colocou a equipe no páreo contra a RBR, que teve uma temporada extremamente dominante em 2023 e chegava como favoritíssima ao título.
Max Verstappen começou melhor e abriu boa vantagem no início da temporada, com cinco vitórias em sete corridas, mas uma crise interna na RBR fez com que a McLaren ganhasse terreno.
Norris chegou a ter reais condições de encostar no holandês e chegou ao GP de São Paulo com três vitórias no ano, mas a prova em Interlagos acabou com as chances do britânico. Pole position, Lando perdeu a ponta logo na primeira curva e viu uma bandeira vermelha inoportuna ajudar o rival, que largou em 17º e saiu com a vitória.
Um dos erros de Lando Norris debaixo de chuva durante o GP de São Paulo de 2024, em Interlagos
Clive Mason/Getty Images
Apesar disso, ele e Piastri conseguiram conduzir o time inglês a seu primeiro título de construtores desde 1998, superando a Ferrari na última corrida do ano, em Abu Dhabi. No entanto, o melhor para Lando Norris estava reservado para a temporada seguinte.
A McLaren revelou ao mundo em 2025 o MCL39 – e acertou. Desta vez, no entanto, pegou uma RBR em frangalhos e tentando se remontar após as perdas de funcionários e de rendimento no carro. Cenário ideal para Norris brilhar e mostrar a que veio na Fórmula 1.
Mesmo assim, o início de temporada foi difícil para o britânico. Norris ganhou apenas duas das primeiras 10 corridas do ano: a primeira foi na estreia na Austrália, debaixo de chuva. A segunda viria apenas na oitava prova, quando o piloto cravou a pole em Mônaco e sustentou a posição no circuito mais estreito do calendário.
Mas os triunfos foram um oásis no meio de uma crise de confiança. No Bahrein, Lando chegou a afirmar que sentia como se “nunca tivesse pilotado um carro de Fórmula 1 antes” e colocou em xeque a força da McLaren. Tudo isso enquanto Piastri empilhava cinco triunfos na fase inicial do campeonato e assumia a liderança.
Lando Norris é o vice-líder do campeonato, 34 pontos atrás de Oscar Piastri
James Sutton/Getty Images
As “regras papaia”, que permitem que os dois pilotos da McLaren briguem por posição (desde que de forma justa e sem colisões), passaram a ser questionadas no Canadá, quando Norris acertou a traseira de Piastri e abandonou a corrida. Apesar disso, Norris assumiu a responsabilidade pelo acidente, botou a cabeça no lugar e ganhou três das quatro provas seguintes, na Áustria, Inglaterra e Hungria.
Depois da pausa de meio de temporada, a McLaren caiu de desempenho e viu a RBR voltar a ganhar terreno. Max Verstappen, que parecia totalmente fora da briga, se recuperou com pódios em sequência e quatro vitórias para retornar ao páreo. Ainda assim, a principal briga de Lando era com Oscar Piastri, e os papéis se inverteram dentro da equipe.
Antes sem confiança, Lando cresceu na hora certa: foi consistentemente ao pódio, ganhou no México e teve um fim de semana praticamente perfeito em São Paulo, justamente a corrida que lhe custou tanto em 2024. Ao mesmo tempo, Piastri entrou em uma espiral negativa, com seis corridas sem ir ao pódio – nesta sequência, ainda houve um abandono na primeira volta do GP do Azerbaijão.
Lando Norris comemora vitória no GP de São Paulo de F1 2025
Marcos Ribolli
Norris, que ficou atrás do companheiro de equipe durante a maior parte do ano, retomou a liderança no México e não soltou mais. Agora, não segura só o posto de líder, mas também o de atual campeão da Fórmula 1.
O triunfo de Hamilton
No caso de Lewis, a equipe inglesa vinha de um ano conturbado em 2007. O piloto britânico fazia a temporada de estreia na Fórmula 1 e tinha a companhia de Fernando Alonso, bicampeão pela Renault nos anos anteriores. O carro era forte e capaz de brigar por títulos, mas os olhos de todo o mundo viram a McLaren ruir aos poucos.
A começar pela relação entre os dois pilotos. Alonso queria um companheiro de equipe experiente, e o clima azedou ainda mais devido ao início impressionante de Lewis, que assumiu a liderança do campeonato já na quarta etapa daquele ano. O espanhol tentou agradar funcionários da McLaren com dinheiro e atrapalhou o colega de equipe intencionalmente na classificação do GP da Hungria.
Fernando Alonso e Lewis Hamilton na McLaren, em 2007
Getty Images
A briga interna pelo título se arrastou até o fim da temporada, mas a equipe sofreu um baque com o “Spygate”, um escândalo de espionagem envolvendo engenheiros da escuderia que culminou na exclusão da McLaren do campeonato de construtores.
Nas pistas, erros estratégicos tiraram pontos importantes dos dois pilotos nas etapas finais, e Hamilton cometeu um deslize de iniciante ao bater na entrada dos boxes – em uma corrida que poderia lhe dar o título. Por fim, nem um, nem outro: Kimi Raikkonen surpreendeu ao vencer as duas provas finais e levou a taça para a Ferrari.
Depois daquele 2007 frustrante, Hamilton chegou a 2008 com um novo companheiro de equipe: o finlandês Heikki Kovalainen, que fez o papel de segundo piloto e abriu espaço para o garoto mostrar seu talento. O material estava lá: um jovem bastante rápido e um carro muito competitivo, embora não fosse dominante.
A primeira metade do ano de 2008 foi muito disputada, e Hamilton – que havia vencido na Austrália e em Mônaco – chegou a cair para o quarto lugar no campeonato após o GP da França, a oitava etapa do ano. Lewis estava atrás de Felipe Massa e Kimi Raikkonen (ambos na Ferrari) e Robert Kubica, da BMW Sauber.
A maré virou com uma vitória fantástica no GP da Inglaterra, em que o piloto da casa ficou mais de um minuto à frente de Nick Heidfeld, segundo colocado. Com o triunfo em Silverstone e na corrida seguinte, na Alemanha, Hamilton passou a liderar de forma isolada o campeonato e chegou à última corrida do ano nesta condição, com Massa como adversário.
Lewis Hamilton comemora a vitória no GP da Inglaterra de 2008, no molhado circuito de Silverstone
Rui Vieira/PA Images via Getty Images
O palco da decisão era o GP do Brasil, e Hamilton precisava chegar em quinto lugar para confirmar o título. Era uma prova cheia de desafios: além do clima, o piloto da McLaren precisava encarar a torcida contra em Interlagos e o motivado Felipe Massa.
Hamilton largou em quarto e se manteve nas posições de título até a parte final da prova, quando a chuva caiu em Interlagos para bagunçar as coisas. Massa liderava, e Lewis foi ultrapassado por Sebastian Vettel. Logo depois, foi aos boxes para colocar pneus de chuva e voltou atrás de Timo Glock, que apostou alto e ficou na pista com compostos de pista seca. Com isso, o britânico caiu para sexto e estava jogando fora mais uma vez a chance do campeonato.
Lewis Hamilton comemora seu primeiro título na Fórmula 1, no GP do Brasil de 2008
James Moy/Sutton Images
Mas a escolha se mostrou acertada: na última volta, Timo Glock se arrastava e acabou ultrapassado por Hamilton, que voltou ao quinto lugar. Apesar da vitória de Massa, a posição foi suficiente para garantir o primeiro título dos sete que o heptacampeão viria a conquistar. geRead More