RÁDIO BPA

TV BPA

Prisioneiros políticos libertados dizem não se arrepender de desafiar Lukashenko após acordo mediado pelos EUA

Prisioneiros políticos libertados dizem não se arrepender de desafiar Lukashenko após acordo mediado pelos EUA

Um dia após serem libertados em um acordo mediado pelos Estados Unidos com o governo de Belarus, ex-prisioneiros políticos afirmaram não se arrepender de terem desafiado o presidente Alexander Lukashenko, mesmo após passarem mais de quatro anos encarcerados. As informações são da Radio Free Europe.

Em declarações à imprensa na cidade ucraniana de Chernihiv, em 14 de dezembro, os oposicionistas Viktar Babaryka e Maryya Kalesnikava, figuras centrais dos protestos de 2020, disseram que, apesar do tempo perdido na prisão, a decisão de enfrentar o regime foi correta. Segundo eles, a libertação representa uma vitória moral diante de um governo acusado de repressão sistemática.

Alexander Lukashenko passeia de bicicleta com sua cadela Umka em 2020 (Foto: WikiCommons)

Kalesnikava, condenada a 11 anos de prisão em 2021 após as manifestações contra a eleição presidencial considerada fraudulenta, afirmou que agir de acordo com seus valores era inevitável. Ela foi uma das 123 pessoas libertadas após Washington sinalizar a possibilidade de flexibilizar sanções sobre exportações de fertilizantes de Belarus.

Entre os libertados também estão Viktar Babaryka, ex-candidato à presidência condenado a 14 anos de prisão, e o vencedor do Prêmio Nobel da Paz Ales Byalyatski. Organizações de direitos humanos, no entanto, alertam que centenas de presos políticos continuam detidos no país.

Belarus enfrenta duras sanções ocidentais desde que apoiou a Rússia na invasão da Ucrânia, em 2022. Nos últimos meses, o governo de Lukashenko autorizou libertações pontuais como parte de negociações diplomáticas, numa tentativa de reduzir o isolamento internacional.

A líder da oposição no exílio, Svyatlana Tsikhanouskaya, afirmou que, embora a libertação salve vidas, o regime segue ilegítimo e repressivo. Segundo ela, o objetivo continua sendo a libertação de todos os presos políticos e a construção de uma Belarus “democrática e independente”.

Dados do grupo de direitos humanos Vyasna indicam que mais de 1,2 mil presos políticos ainda permanecem sob custódia, incluindo quase 200 mulheres. Especialistas alertam que a libertação de detidos em troca de concessões econômicas levanta questionamentos éticos sobre a relação entre democracias e regimes autoritários.

  Read More