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Indígenas da Colômbia denunciam que militares mataram civis e os apresentaram como guerrilheiros

Um total de 6.400 civis foram mortos por militares e apresentados como guerrilheiros mortos entre 2002 e 2008, segundo o tribunal de paz que investiga os piores crimes do conflito interno. Imagem de 2017 mostra soldados montados colombianos em um desfile militar para comemorar o 207º aniversário da independência, em Bogotá
Luis Acosta/AFP
Um governador indígena e dois civis estão entre os 11 mortos que o Exército apresentou como guerrilheiros mortos em combate durante uma operação recente na fronteira da Colômbia com o Peru e o Equador, denunciaram nesta quarta-feira (30) líderes comunitários e grupos de defesa dos direitos humanos.
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“As pessoas mortas pelo Exército nacional não eram guerrilheiros, e sim população civil, e havia companheiros indígenas”, afirmou Oscar Daza, porta-voz da organização que reúne os povos originários da Amazônia colombiana (Opiac).
Segundo a denúncia, entre as vítimas estão o governador kitcwhwa Pablo Panduro, o líder comunitário Divier Hernández e sua mulher, cuja identidade não foi revelada. A Opiac não menciona as outras oito vítimas da operação.
O alto comando militar anunciou na terça-feira a morte “em combate” de 11 rebeldes de uma facção dissidente das Farc, guerrilha que depôs as armas em 2017, após assinar a paz. Os confrontos ocorreram na última segunda-feira, na zona rural de Puerto Leguízamo, departamento de Putumayo. Outros quatro supostos guerrilheiros ficaram feridos.
Esclarecimento urgente
O Exército insistiu hoje em que se tratou de uma operação legal dirigida contra a dissidência conhecida como Segunda Marquetalia, que pegou em armas novamente após renunciar ao acordo de paz negociado em Cuba. Mas a Organização Nacional Indígena da Colômbia, órgão máximo dos povos originários, negou as declarações oficiais e denunciou as mortes do governador e dos dois moradores como “falsos positivos”, como se conhece o maior escândalo de sangue na história das forças militares da Colômbia.
Um total de 6.400 civis foram mortos por militares e apresentados como guerrilheiros mortos entre 2002 e 2008, segundo o tribunal de paz que investiga os piores crimes do conflito interno.
A ONG Human Rights Watch também disse ter confirmado que, “durante a operação do Exército”, morreram o governador indígena, o líder social e sua mulher. “É urgente esclarecer os fatos”, disse Juan Papier, investigador sênior para as Américas da ONG.
Os militares haviam atirado contra um bazar organizado pelos moradores, segundo a versão dos indígenas da Opiac. O general Juan Carlos Correa, da divisão aérea do Exército, ratificou que seus homens se envolveram em “combates fortes, com fogo pesado”, e que um militar foi ferido no braço por um tiro de fuzil.
“Não havia nenhuma atividade, nem bazar, apenas foi gerado um combate”, afirmou o oficial. Sem mencionar qualquer confronto, a promotoria tuitou que investiga “os fatos em Puerto Leguízamo, onde 11 pessoas morreram”.
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