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Atrocidades de forças russas na Ucrânia obedecem a um padrão já registrado em guerras na Chechênia e na Síria

Bombardeios em massa, uso de armas indiscriminadas e execuções sumárias de civis acabam por minar a resistência da população Os relatos de atrocidades cometidas pelas forças russas contra civis ucranianos em Bucha denotam um padrão documentado em outras guerras protagonizadas por Moscou nas últimas décadas. Conflitos no Afeganistão, na Chechênia e na Síria serviram de laboratório para produzir as imagens aterrorizantes de corpos abandonados nas ruas e em valas comuns, amarrados, carbonizados ou com marcas de execuções sumárias, registradas agora na Ucrânia.
A ascensão de Vladimir Putin ao poder, em 1999, coincide com a segunda guerra da Chechênia, onde os militares russos comandaram assassinatos, incêndios criminosos e estupros. Os ataques em massa em duas guerras sangrentas, entre 1994 e 1999, que mataram mais de 35 mil civis, minaram a resistência da população na república separatista.
Na segunda guerra da Chechênia, em 1999 e 2002, a Rússia destruiu Grozny ainda mais
Getty Images/Via BBC
Em massacres registrados em fevereiro de 2000, duas vilas nos arredores de Grozny foram atacadas com bombas de fragmentação. Numa delas, um comboio de refugiados munidos com bandeiras brancas foi alvejado, deixando 363 pessoas mortas.
Analistas militares veem na Ucrânia semelhanças com a campanha russa na Chechênia e atestam que a força bruta, com bombardeios sistemáticos e atos de selvageria indiscriminada contra os civis, funciona como o modus operandi típico de Moscou: a destruição de uma cidade – como ocorreu em Grozny, por exemplo, que chegou a ter 400 mil habitantes e foi reduzida à metade – acaba levando a população a desistir de lutar e a aceitar o governo que lhe é imposto.
Foi o que aconteceu na Chechênia. A Rússia assumiu o controle e instaurou no poder um aliado – o mufti Akhmad Kadyrov, assassinado em 2004, e substituído pelo filho, Ramzan, que governa a república até hoje.
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Na Síria, Putin assegurou fôlego e sobrevida ao desgastado ditador Bashar al-Assad com táticas semelhantes, ao intervir no país em 2015 para ajudar o regime. Pelos cálculos do Observatório Sírio de Direitos Humanos, 8683 civis morreram em bombardeios russos.
Durante um mês, entre setembro e outubro de 2016, uma campanha ininterrupta perpetrada pela coalizão russo-síria em território controlado pela oposição síria matou mais de 440 civis, incluindo 90 crianças. De acordo com a Human Rights Watch, foram cometidos crimes de guerra, com o uso indiscriminado de munições de fragmentação e armas incendiárias sobre a população.
O massacre em Bucha reacende a memória de operações de limpeza nas guerras da Rússia, onde não restou aos sobreviventes outra opção que não fosse a submissão. Putin parece repetir na Ucrânia a cartilha desumana usada na Chechênia e na Síria.g1 > MundoRead More

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