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Chefe de gabinete do Peru cita Hitler como modelo, e políticos do governo e da oposição o criticam

Aníbal Torres, braço direito do presidente Pedro Castillo, já havia mencionado o governo de Adolf Hitler em uma outra ocasião. Fachada do Congresso do Peru, em Lima
Guadalupe Pardo/Reuters
O chefe do gabinete ministerial do Peru, Aníbal Torres, mencionou a Alemanha nazista e o programa de construção de estradas do governo de Adolf Hitler como um modelo a ser seguido nesta quinta-feira (7). De imediato, suas palavras geraram a reprovação de políticos opositores e governistas, e da embaixada da Alemanha em Lima.
Torres, braço direito do presidente Pedro Castillo, participava de uma sessão pública na cidade de Huancayo.
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Ele disse o seguinte: “Dou-lhes um exemplo: a Itália e a Alemanha eram como nós, contudo, em uma oportunidade, Adolf Hitler visita o norte da Itália e [Benito] Mussolini lhe mostra uma autoestrada construída de Milão a Bréscia; Hitler viu aquilo, voltou a seu país e o encheu de autoestradas e aeroportos, e transformou a Alemanha na maior potência econômica do mundo”.
Esta não é a primeira vez que Torres, um advogado de 79 anos, menciona Hitler. Em março, ele comparou o ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso, com o líder nazista, ao afirmar que “ninguém é julgado por suas obras boas, mas pelas ruins”.
Reações internacionais
A missão diplomática da Alemanha no Peru se pronunciou em sua página no Facebook: “Hitler foi um ditador fascista e genocida, em cujo nome foi travada, a partir da Alemanha, a pior guerra de todos os tempos, e se cometeu o genocídio de 6 milhões de judeus. Diante desse cenário, Hitler não é referência como exemplo em nada”.
A embaixada de Israel informou que os regimes de Mussolini e Hitler não são exemplo nem de prosperidade, nem de progresso. “Lamentamos que o discurso político peruano inclua referências como Hitler e Mussolini como exemplo de prosperidade. Regimes de morte e terror não podem ser uma demonstração de progresso”, publicou em sua conta no Twitter.
Horas depois, no fechamento da sessão do gabinete e na presença de Castillo, Torres pediu desculpas ao embaixador de Israel e pediu uma conversa.
“Se demos como exemplo do progresso da Alemanha nas vias de comunicação é um fato real. Isso não quer dizer que Adolf Hitler não seja considerado um grande criminoso”, acrescentou.
Reações de políticos peruanos
A chefe do Congresso peruano, María del Carmen Alva, afirmou que “o dito pelo premier Aníbal Torres, elogiando o genocida Hitler, ofendeu milhares de peruanos”.
Alex Flores, um deputado governista, também condenou a fala de Torres, que ele descreveu como uma vergonha. “Agora entendemos de onde provêm medidas errôneas [do governo] como o frustrado toque de recolher” disse o legislador.
“Teríamos preferido que não fizesse referência aos méritos de estadista de Hitler. É um desatino que ofende os seis milhões de vítimas do genocídio judaico”, disse o apresentador matinal da rádio e televisão RPP, Fernando Cavallo.
Hitler iniciou a construção de autoestradas em 1933. Apesar de não ter se tratado de uma ideia original, já que na própria Alemanha outras rodovias foram construídas antes, os nazistas deram destaque para as mesmas em sua propaganda como um símbolo da grandeza do Terceiro Reich.
Quase 4.000 quilômetros de “Autobahnen” (“autoestradas”, em alemão) foram construídos até que as obras foram paralisadas em 1941 por causa da Segunda Guerra Mundial.g1 > MundoRead More

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