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Ucrânia fala em 20 mil mortos pela Rússia em Mariupol, com nove mil corpos em valas comuns

A cidade portuária de Mariupol, no leste da Ucrânia, tornou-se um símbolo da devastação imposta pelas tropas da Rússia na guerra que teve início no dia 24 de fevereiro. Agora, dois meses após o início do conflito, o governo ucraniano fala em 20 mil civis mortos na região. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil corpos em valas comuns em Manhush, uma vila próxima a Mariupol.

Imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies, às quais teve acesso o jornal The Washington Post, mostram várias fileiras de valas comuns, que teriam ido cavadas entre os dias 23 e 26 de março.

Através do aplicativo de mensagens Telegram, o Conselho Municipal falou em nove mil civis depositados ali e acusou os soldados russos de “cavarem novas trincheiras e enchê-las de cadáveres todos os dias ao longo de abril”. Embora as imagens da Maxar indiquem que as valas realmente existem, os números carecem de verificação independente.

Foto de Roman Skliarov mostra o que seria um prédio residencial destruído em Mariupol (Foto: Twitter)

Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.

“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.

Em entrevista ao jornal britânico Guardian, Boychenko afirmou que caminhões militares russos levaram os corpos desde Mariupol até Manhush, numa tentativa de esconder as evidências de crimes de guerra. Na cidade vizinha, os cadáveres teriam sido jogados nas valas comuns perto do antigo cemitério.

“Os invasores estão escondendo provas de seus crimes. O cemitério está localizado perto de um posto de gasolina do lado esquerdo de uma estrada circular. Os russos cavaram enormes trincheiras, com 30 metros de largura. Eles jogam as pessoas para dentro”, disse o prefeito.

120 mil civis em perigo

Enquanto o presidente russo Vladimir Putin diz ter tomado o controle de Mairupol, seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky diz que Moscou tem apenas o controle parcial da cidade. O principal foco de resistência está em uma usina de aço, onde milhares de combatentes ucranianos e centenas de civis seguem alojados e se recusam a baixar as armas.

No total, Zelensky diz que cerca de 120 mil civis continuam em Mariupol e precisam ser evacuados através de corredores humanitários. O coordenador da ONU (Organização das Nações Unidas) para a crise na Ucrânia, Amin Awad, também pediu uma pausa imediata nos conflitos para que essas pessoas possam deixar a cidade de forma segura.

O Massacre de Bucha

A pressão dos governos ocidentais contra a Rússia aumentou consideravelmente depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.

Civis mortos nas ruas de Bucha cidade ucraniana (Foto: reprodução/Twitter)

Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.

Entretanto, imagens de satélite da Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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