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Michelle Bachelet, da ONU, expressa preocupação com ataques de Bolsonaro às urnas e violência na campanha eleitoral

Chefe do Alto Comissariado de Direitos Humanos da organização critica postura de líder brasileiro. Ex-presidente do Chile, Bachelet alertou que é dever do chefe de Estado ‘respeitar outros poderes’. A chefe do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, em última entrevista coletiva antes de deixar o posto, em 25 de agosto de 2022.
Pierre Albouy/ Reuters
A chefe da comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, disse nesta quinta-feira (25) estar preocupada com ataques ao sistema eleitoral brasileiro e o aumento da violência política no Brasil.
Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, Bachelet, que é ex-presidente do Chile, também condenou os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas e ao Judiciário.
“O presidente (Jair) Bolsonaro intensificou os ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de voto, incluindo em um encontro com embaixadores em julho, o que gerou fortes reações (…) e eu tenho que dizer, tendo sido já chefe de Estado, que um chefe de Estado deve respeitar outros poderes, o Judiciário, o Legislativo, e não ficar vociferando ataques contra outros, porque é essencial para um presidente da República assegurar a democracia”.
Bachelet afirmou ainda que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU também está monitorando e analisando os discursos de ódio utilizados no Brasil durante o processo eleitoral.
O alerta de Bachelet foi feito na última entrevista concedida por ela à imprensa antes de deixar o posto de chefe de Direitos Humanos da ONU, após anunciar em junho que não renovaria seu mandato à frente do cargo.
“Às vezes, não concordamos com decisões de outro poder. Você pode dizer que não concorda com essas decisões, mas você as respeita, e não estimula violência e ódio”, completou Bachelet, que citou ainda o assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, pelo policial federal penal Jorge Guranho, apoiador de Bolsonaro, em julho.
“Quando você é um candidato, ou um presidente que é candidato, você tem que ser muito cuidadoso para garantir que as pessoas se sintam seguras para ir votar. Eu sei, por exemplo, que em julho, um policial apoiador de Bolsonaro matou um apoiador de Lula. Casos como esse não deveriam acontecer, e quando um líder usa uma linguagem que pode ser utilizada em uma direção errada, isso é muito ruim”.
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