Celebridades da música e cinema investem cada vez mais no futebol europeu; entenda
Artistas como Ryan Reynolds, Ed Sheeran e Asap Rocky buscam visibilidade através do esporte e especialistas dizem que casos tendem a aumentar Especialistas em gestão esportiva analisam investimentos de celebridades no futebol
Os investimentos de celebridades no futebol europeu não é novidade. Porém, o movimento de astros da música, cinema e do próprio esporte está cada vez mais frequente, e até sendo aplicados nas mais diversas modalidades, com um novo caso quase que a cada mês. O ge conversou com especialistas em gestão esportiva para entender o motivo pelo qual nomes tão conhecidos em outras áreas estariam buscando esse âmbito para fins lucrativos.
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– A opção por investir em esporte, ao invés de um outro negócio, que pode até ser mais lucrativo, tem um trabalho de valorização da própria celebridade.
Ed Sheeran, Asap Rocky e Ryan Reynolds buscam visibilidade através do esporte
GettyImages / Infografia
A opinião acima é de José Francisco Mansur, sócio da CSMV advogados. Segundo ele, as celebridades buscam atrelar seus nomes a algo que tenha popularidade, como é o caso do futebol, em busca de uma repercussão positiva – o chamado “Soft Power”, termo usado quando os países procuram vender uma boa imagem.
O futebol é o esporte mais popular do mundo e, com isso, oferece uma plataforma global que pode combinar entretenimento e negócios. Os investimentos de artistas podem estar atrelados a um destaque de imagem, mas cabe ao clube também cuidar dos seus interesses.
Porém, a visibilidade que os artistas buscam através do esporte, não é só benéfica para as estrelas. Os clubes também vão ter um cenário proveitoso, visto que a junção da associação com famosos atrai diversos olhares, de quem já está inserido ou não no meio esportivo.
– Essa ampliação de visibilidade tem potencial de atração de novos fãs e novos patrocinadores, como consequência disso. Potencial porque não é só isso que resolve. Tem outros vários aspectos que fazem com que um patrocinador, um fã possa se interessar. É uma notícia que, sem dúvida nenhuma, mobiliza, chama atenção das pessoas e cria uma possível simpatia maior por um time – afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da faculdade ESPM.
O caso mais recente foi do namorado da Rihanna, Asap Rocky, que estaria interessado em comprar o Tranmere Rovers, clube que atualmente disputa a quarta divisão do Campeonato Inglês. O rapper faz parte de um grupo de investimentos e gostaria de adquirir 80% do clube. O valor giraria em torno de 15 milhões de libras.
O rapper Asap Rocky, namorado de Rihanna, pretende comprar clube da Liga de Futebol Inglesa
GettyImages
Como todo investimento há um risco. Neste caso, tanto para o investidor, como para o clube em questão. Mas o o sócio da CCLA advogados, Cristiano Claús, assegura que é um perigo válido para os famosos.
-Tenho certeza que vale o risco. Não digo que todo o investimento seja bem-sucedido, mas o risco é proporcional a rentabilidade. Maior é o risco, maior é a rentabilidade que ele vai ter. Obviamente se o clube está em uma divisão inferior, em uma situação ruim, o valor é um valor muito menor do que a que pode atingir – colocou.
Só neste ano já tivemos alguns casos concretizados. O cantor Ed Sheeran virou acionista do Ipswich. A estrela pop adquiriu uma pequena fatia de 1,4% das ações do clube, que subiu para a Premier League na atual temporada.
Além desse episódio, Ronaldinho Gaúcho também se tornou acionista. O brasileiro acertou a compra dos direitos do Greenville Triumph, clube que disputa a terceira divisão norte-americana. A aquisição foi feita em parceria com irmão Roberto Assis.
Apesar dos casos recentes, famosos no meio esportivo já acontece há alguns anos na Europa. Os especialistas em gestão esportiva, inclusive, acreditam que vai aumentar cada vez mais e muito pelo sucesso de alguns clubes.
Fenômeno Wrexham
O caso mais conhecido no meio do futebol. O clube inglês foi comprado pelo ator Ryan Reynolds, ator de “Deadpool”, junto ao Rob McElhenney. Os dois atores adquiriram 100% da agremiação durante a temporada 2020/21, pelo valor de R$ 15 milhões, na cotação da época. A compra atraiu olhares ao projeto e foi o ponto de partida para a mudança de rumo do time britânico.
Ao assumirem a gestão, Ryan Reynolds e Rob McElhenney, investiram em contratações, melhorias na infraestrutura do clube e até uma produção de uma série com bastidores. Com as novas ideias, o Wrexham conseguiu novos patrocinadores de porte global e, claro, teve um aumento na popularidade.
Rob McElhenney e Ryan Reynolds, atores donos do Wrexham, levantam a taça da quinta divisão inglesa
Reuters
Além do interesse de pessoas e de empresas, o time britânico conseguiu mudar de patamar financeiro depois da chegada dos novos donos. Na primeira temporada completa após a compra, o Wrexham registrou um faturamento recorde de quase R$ 37 milhões.
Dentro de campo, a equipe também mudou. O clube do País de Gales conquistou dois acessos seguidos no futebol inglês. Em 2023, o time venceu a quinta divisão e, neste ano, subiu da quarta para a terceira divisão. O feito em dois anos foi uma conquista história para o Wrexham. A instituição nunca havia subido de divisões seguidas e agora está na terceira depois de 19 anos.
+ Time de Ryan Reynolds, Wrexham consegue 2º acesso seguido
– Sem dúvida nenhuma um bom exemplo abre caminho para outros quererem fazer a mesma coisa. Quando começa a criar cases de sucesso nesse aspecto se torna mais convidativo para que outras pessoas possam também investir – afirmou Ivan Martinho.
Dá para comparar com a SAF no Brasil?
O fenômeno das SAFs no Brasil começou em 2021. Diversos clubes adquiriram a forma associativa para comandar o futebol. Assim como em muitos casos europeus, a maioria para tentar recuperar o lado financeiro. Só que mesmo apresentando alguns pontos similares, o investimento de celebridades e as SAFs tem suas diferenças, um das questões é estar em estágio inicial.
– O Brasil é o último grande país do futebol mundial, junto com a Argentina, que começa agora o processo de SAF também, a ter essa possibilidade. Migrar dos modelos antigos, de associações, de união de sócios, sem fins lucrativos, mas com aspecto de competição de esporte mesmo para esse aspecto de rentabilidade, de resultado também financeiro – afirmou o advogado Cristiano Claús.
John Textor, dono do Botafogo, uma SAF que tem dado certo no Brasil
André Durão
Assim como o movimento de celebridades entrando no meio do futebol na Europa, os especialistas concordam que a SAF no Brasil também deve passar pelo mesmo processo. Artistas já procuram de alguma forma conhecer um pouco do estilo de investimento no esporte.
– É claro que vai ter um momento em que celebridades, inclusive internacionais, vão começar a se interessar por fazer investimentos em clubes de futebol no Brasil percebendo o quanto isso vai agregar a imagem delas e às vezes até celebridades brasileiras. A gente já começa a ouvir de cantores, de artistas, se interessando a conhecer e entender o processo de SAF como um investimento a ser feito no seu futuro – disse o advogado José Francisco Mansur. geRead More